tag:blogger.com,1999:blog-34966850588509206242024-03-05T23:10:10.650-08:00Metamorfoses em metáforasOs textos desse blog são registros de meu progresso como ficcionista e escritor. Os primeiros textos audaciosos e com potencial mas ainda nadando para alcançar o domínio literário, e, os últimos, apesar de atuais em estado de impermanência editorial. É com orgulho que deixo-os abertos publicamente, pois refletem a trajetória, as metamorfoses e as ideias percorridas na área das linguagens e literatura.Alisson Preto Souzahttp://www.blogger.com/profile/01632247796489812373noreply@blogger.comBlogger319125truetag:blogger.com,1999:blog-3496685058850920624.post-18924218482816374702022-12-29T16:42:00.002-08:002022-12-29T18:05:59.402-08:00Carro da morte O despedaçado e humano coração de Chan não admirava a violência com que acusava a constelação de Chickau por sua fraude poética. Ele era jogado para fora da sua cabeça quando o barulho das celas se arrastando cortava o silêncio ecoante do corredor. E como num estalo, regressava seu corpo e alma à realidade indesejada. Chan estava sem muitas opções: respirar as suas ideias repugnantes ou vigiar os guardas que vigiavam-no para cumprir o destino fatal de sua mortalidade, continuar aumentando o número de estrelas que iluminariam o céu escuro das noites do sul da Ásia. <div><br /></div><div> Apesar de não ser religioso, Chan descansava seus cotovelos no joelho com as palmas das mãos encostadas, os dedos cruzados e unhas roídas, rogando a prece de uma apreensiva mudez. Quanta disciplina havia em dominar o silêncio, que deveria haver um Deus só para ele! Viviam, no mergulho do onírico silêncio, onde o futuro e o passado simultaneamente contornavam os arrependimentos. Ali, eles se encharcavam das ideias sobre o que ainda gostariam de fazer lá fora, onde sonha-se haver vida.
No pescoço, um deles carregava uma pequena cruz, simbolizando o governo democrático. Com a regata suja esticada para baixo, o outro deslizava os olhos sob os retalhos de páginas de papel cheio de notícias preocupantes sobre a inflação do país; esses eram sua cama no canto da cela. A situação miserável era a de quem paga 20.000 yuans pela ambulância atrasada, enquanto o mundo, desde o começo, já ardeu em chamas até suas pontas. O crime era um assunto somente tratado entre os presos e os deuses. Eles inalavam a imensa diversidade de poeira, bactérias e vermes do cosmos da jaula e era assim que, empanturrados, Cronos os engolia – o tempo, por ali, era uma noção ignota.</div><div><br /></div><div> O suor escorrendo do cimento e fervendo do centro da terra, num incêndio invisível que nem Hades suportaria. Em torpor, por vezes, o tempo parecia sobrar para escrever um novo épico latino; ora parecia que a raça humana acabaria dentro das próximas 48 horas e tudo se tornaria inútil e aforme assim como o manto maciço que era o socialismo, o uso das ambulâncias e a veiculação dos jornais. Com sua experiência de sobrevida, Chan percebia que viviam em um caixão coletivo cheio de incrédulos e desgarrados. Ser preso era ser enterrado vivo, aguardando a próxima odisseia de 250 passos para alcançar o mais próximo àquilo que teriam os deuses: a liberdade do jardim carcerário.</div><div><br /></div><div> Precisou de dois meses até que Chan aprendesse a ver a vida como um enlatado e dentro dele seus componentes, seus químicos e a verdade sobre o que poderia viver. Não houve chance para sair da caverna, aquela parole que todos conhecem alimentaria apenas uma fantasia cuja frustração não valeria o tempo de imaginar. O jardim carcerário, o assento menos assimétrico do refeitório aos sábados, as formigas passeando pelo asfalto entre os refeitórios e a dois quarteirões, três ônibus que passariam no fim da linha. Tamanho era o tempo que se arrastava, que reorganizou seu mapa empírico, acrescentando-lhe um compartimento de suas ideias para a vida que viveria os seus colegas de grades. Por sobrevivência, o espaço sentia-se menos obsoleto que os seus camaradas. Animalizados a cada ano que passava, Chan percebeu que se tornavam menos sensitivos às preocupações civilizatórias, em especial o asseio. </div><div><br /></div><div> Daria um livro cada um, mas Chan não estava certo sobre o tempo de vida que ainda teriam, a certeza que tinham era a incerteza. Enquandrou um dos seus colegas de cela com seus olhos miúdos e cautelosos. Fitou o buraco do respiro, como chamavam uma pequena fresta de ar no fundo da jaula, e viu um relâmpago cruzar como aviso a metade de duas nuvens pesadas. Chan sabia que Deus não ficaria contente que estivera criando novas histórias, pois ele sabia que todas elas contam alguma coisa que não devem. Porém, Chan era um bom contador de histórias e estava determinado a adiciona-las as histórias dos objetos essas novas, ontológicas e deformadas histórias sobre os seus camaradas. </div><div><br /></div><div> No começo, havia o caos. O homem parrudo de olhar distante parecia uma alegoria a isso. Seletiva, a imaginação e sua retórica que lhes conta, fazia-lhe questão de ressaltar: ele era o pior e menos impiedoso dentre os presos. Não havia justificativa moral que defendesse seus atos. Empobreceu, o pobre estrangeiro – cujas manchetes escreveriam “usuário de drogas em Chickau comete 8 homícidios” . Foi ele que, por causa de um roubo de galinhas de um frigorifico, atirou em todos policiais e recepcionistas na estação policial. De repente, um relâmpago iluminou a prisão. </div><div><br /></div><div> O outro estendido ao chão com cheiro de urina, não era bom em obedecer regras. Chan sabia que na infância, esse menino ia açoitado de casa pelo pai para ser acoitado na escola pelo professor; e quando sobrava tempo, com o dinheiro do pão do pai, passava para comprar flores para deixar no tumulo de sua mãe. Mais tarde, era acoitado novamente pelo pai, que faleceu. Sua vida não foi feliz por causa disso: internado conviveu com meninos que o açoitavam. Nunca perdeu sua sensibilidade e nem visitar sua mãe, virou florista. Porém, em um dia cinza, as nuvens fecharam os ceus, e toda agua parecia afundar a cidade. Foi nesse dia chuvoso, que viu um cliente agredir seu filho na loja com a bengala por causa de sua desatenção. Foi quando ele resolveu dar ao homem de meia idade um presente: uma rosa vermelha cujos galhos e espinhos haviam sido envenenados. As autoridades não demorariam invadir sua casa de 20 m², que alugava logo nos fundos da sua loja. </div><div><br /></div><div> Sorrateiramente, Chan fitou o homem agarrado às grades cujos braços contornavam as barras em um gesto apaixonado. Seu ombro era uma espécie de travesseiro. Ele vivia de suas sacolas de alimentos dados pela comunidade já há um bom tempo. Havia sido detido há mais de 3 anos, incriminado por tráfico de drogas no parque central do Chickau. No meio de algumas árvores, ele estendia a mão aos viciados, que o seguiam como discípulos. Naquele dia, ele ia escrever um poema, pois estava dilacerado, e a poesia era a quem poderia entregar àquela vida miserável de violência e impunidade sem ser julgado. Em uma das vezes, ele se prostituiu. Pagavam bem. Mas agora só lhe restara estar encolhido fazendo histórias com o resto de fio de imaginação. </div><div><br /></div><div> O último deles estava perto da janela gradeada no outro canto da cela ao lado da moldura de uma pintura decadente. Ele rasgou o silêncio e perguntou a Chan “Você preferiria liberdade ou imortalidade?”. Os outros olharam em direção a Chan como se suas palavras fossem valer alguma coisa ali. “As pinturas me lembram Dorian Gray e a sua ousadia em resolver os seus sentimentos. Abraçar a dor e a matéria da qual a vida é feita e sorrir para Deus.” Houve um silêncio e Chan não teria qualquer resposta e observou que o outro não esperava uma resposta se quer. O homem quebrou o silêncio mesmo assim “sou professor. Eu lembro de você na sala do Sr.Kollman”, o silêncio seguiu. </div><div><br /></div><div> Chan não se lembrava do homem, afundou-se em medo enquanto a chuva e a tempestade pareciam ter ganhado volume. Então, Chan pensou que era insuportável negar quem se era e extasiado gritou “Você se lembra quem eu sou?!”. Todos de repente se levantaram atônitos e assustados como se estivessem dormindo ou como se nada daquilo fizesse sentido. Chan rolou seus olhos para suas mãos e todos voltaram a suas posições. “Quem eu sou?” – ele se perguntou baixinho. </div><div><br /></div><div> A fim de receber uma educação inglesa e esquecer a violência, a fome e o abandono de Chickau, Chan foi morar com seu tio muito cedo em Hong Kong. O problema é que ele não lembrava muito bem de muitas coisas mais. E de repente, no reflexo da urina, Chan talvez recordou-se, “Eu sempre quis cuidar dos outros, tratar os outros e contar-lhes novas histórias; curá-los com outra histórias”. Um outro relâmpago iluminou as celas e Chan e os outros foram acordados e levados em fila pelos corredores. Talvez fosse a hora de jantar. E ao olhar para os lados, durante a caminhada no corredor, foi reconfortante ver que, aparentemente, eles não estavam sozinhos nessa vida fatigada. Chan entendia que aqueles olhares eram de pobres coitados deixados pro carro da morte. Aliás, havia todo um incentivo comercial para os corpos de prisioneiros de Chickau. Era uma estatística simples 25% restauravam patrimônio público em troca de arroz, pão e laranja; outros 75% encaminhados para o carro da morte. Você não queria estar entre os 75%, mas mesmo se tivesse cometido um roubo, porém, você poderia, pela indiferença qualitativa da justiça, estar. Mas isso era o que ficaria entre os presos e os deuses – e talvez uma parcela muito especial do governo. </div><div><br /></div><div> E ali estava ele, senhoras e senhores, na frente dos olhos de Chan, o jardim carcerário. Dessa vez, porém, ele parecia diferente. Talvez não fosse quarta-feira. Talvez fosse uma visita do tio, que não lembrava o nome nem o rosto, talvez o tom agúdo de sua voz. Talvez estivesse sendo levado para o tribunal; seus músculos estremeceram como os de uma criança de 9 anos quando vai ser punida por algo que fez errado. Entretanto, evidentemente, o jardim estava diferente. Chan atravessou um corredor que conduziu-o a um tunel que nunca havia visto antes, seus colegas olharam-no, e sentiu seu colega acariaciar sua mão. Ao sair do túnel, seu coração estava confuso. Mais homens surgiam a partir de uma outra bifurcação. No centro do pátio, uma vã aguardava enquanto um homem era retirado em uma maca. Um militar gritou algo como “ [...]estamos com um problema”. Então, nos levaram para um onibus, nos enfileiraram e fizeram-nos ficar amarrados no assento. Outros homens entraram e eram mais cinco. Pensei ter visto em reconforto os colegas de minha cela, mas pela primeira vez percebi que como a humidade da cela eles desapareceram no caminho. No interior, as filas de assento horizontalmente prenchiam o meio do veiculo. À frente das cadeiras, pequenos buracos que deixavam entrar a iluminação do exterior. </div><div><br /></div><div> Mesmo sem conhecer a história desses homens, Chan sabia que não haveria inferno para eles, nem castigo maior do que viver para eles. Os deuses responderam a sua ofensa e ao atrevimento e chamaram-o de Prometeu. Chan pensou que na melhor das hipóteses seu orgãos seriam doados à alguma moça gentil. Segurou as mãos dos outros homens que choravam, cogitando se eles teriam algum pensamento no qual se apegar, mas não os reconheceu. “Eu sou prometeu”. </div><div><br /></div><div> Dos buracos, pequenas circunferências de fuzis começavam a se instalar, como se estivessem desconfortáveis por se meterem em lugares tão constritos. Dois homens atrás, olharam-se a tempo para dizer “[...]eles não poupam nem os doentes. Ninguém quer pagar por eles”. Enquanto a voz do tio de Chan soava como uma flauta navegando o ônibus escuro “Há comida no congelador, mas não a ofereça para os ratos [...]”, eles começaram os tiros.</div><div><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggxQp42W4cv5UDH-17o-46sjwNkSdcnvJsHbMOuYUPXr2xLDpcAImG5gGyNPpOBqz7hu9WracEYNaZmF-mhMoAJVsz5DVD9ZVBVTaGcF7f22hK4zEsfJ2n6WGFby2_tcH8v1JNb7BgQSL2oSQ-xxw6FjdaFsQXmhHVeVg_epROTP1wrBB_qGwHan7XYQ/s1024/sad-man-1024x683.jpg" style="display: block; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="683" data-original-width="1024" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggxQp42W4cv5UDH-17o-46sjwNkSdcnvJsHbMOuYUPXr2xLDpcAImG5gGyNPpOBqz7hu9WracEYNaZmF-mhMoAJVsz5DVD9ZVBVTaGcF7f22hK4zEsfJ2n6WGFby2_tcH8v1JNb7BgQSL2oSQ-xxw6FjdaFsQXmhHVeVg_epROTP1wrBB_qGwHan7XYQ/s320/sad-man-1024x683.jpg" width="320" /></a></div>
</div>Alisson Preto Souzahttp://www.blogger.com/profile/01632247796489812373noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3496685058850920624.post-10958584918786845682020-12-29T22:58:00.007-08:002022-12-29T16:55:10.332-08:00Romantics (chances are)<p><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; white-space: pre-wrap;">Chances are we will never come back to sleep again.
We'll never close our eyes to the wounds.
We'll never be afraid to speak our minds, or ask for clarification,
but, most of all,
we'll never insist on people's feelings and reaffirmation.
Either we'll do it for ourselves or we'll do it for what is still possible to be believed.
We wont dive on the shallow water again, accepting the illusions others see in us.
When they dont even know what their purpose is.
We'll never accept others in our lives because of our solitude or because others have equal interests.
We have changed and here are some few new standards.
Indeed, we'll never be the same kind or the perfect match,
and it aint no problem with that.
We'll avoid questionable probability charts,
egocentric bets and short-dreamed life views
because we have learned with them.
All and every detail, absorved and observed.
Checking the gaps between our being, our acting and our thinking.
We'll never leave the desire for dreaming without planning our own goals,
while sticking to the warming arms of the accompanyship.
The right accompanyship.
We'll never be satisfied with the reason if it not motivated by heart and affection.
Getting a hug, a kiss, a passionate glare without even expecting.
For the world said is wrong the rising of the romantics, I stand on my feet, and I ,alive , prove them wrong.
We'll crave for all we can give and expect nothing less in return.
Dont understand the romantics choose to be like that.
Understand that some people might hold this in their nature and mechanics.
They have the need to give you flowers, to avoid being rude, to rush on saying how sorry they were for what they did.
We'll never put out that fire on the belief of this type of incredibly imaginative people.
On the other hand, we'll never push others to transform the lives that do not contain this purpose.
If there are the naturally romantics,
of course there are those who want to prove themselves romantic and emotional.
But, deep right there, they know they're only putting some effort to get the results. <
the fucking results>
That is a sign they were never meant to be happy with you,
the romantic.
That do not enhance and brighten their will and desires,
they need someone different.
Independent, useful, strategical, practical
and in touch whenever is, in their perspective, the opportune time for that.
It is likely we, the romantics, wont help them
either with our full-time emotional flux.
Our heated continuous attention wet their soil at the point their their senses would drown.
Stopping that, using the breaks, speeding down and taking a u-turn from situations like this is accepting that
some differences cant be overlapped or changed.
I rarely see rational people emotionally dependent.
Principally if their purpose is to stay the same and content with who they always were and will be.
Because they are their perfect versions already,
did you get it?
Us, on the other hand, we'll never be satisfied with people who claim are perfect and especially rational.
Because that is not our plan and our purpose.
We wont go to bed fearing that friends would criticise us, and its not our kind to go to bed craving peoples admiration because of how we solve things rationally. That is not because they are wrong. They are perfectly fit and on their right to be independent. But the opposite is not made to be judged wrong and condemned by their life rethorical trial. We, the romantics, will never be happy with full independence and thats why today society may hate us, the romantics. We confront this supreme force of self-reliability. We are hit by lack of self steem discourse. We are hit by the fact we havent learned to be alone. We are hit everywhere all around by people with, funny say that, arguments.
Arguments which neglect our major ideal and dream which is "happiness having someone to share experiences, dreams, sadness, joy and develop each other skills, giving and teaching how to love" or the top-ten half book/half movie citation "happiness is only real when shared".
We are not trends right now.
I get that has to do with consumerism and how we adapt to relationships and technology.
And for that reason, yeah, we are confusing people. -- absolutely detached from the stereotyped exaggerated emotionaly romantic chart and we are so hard to be understood.
Not focusing on external organization and practice.
We are so inward thats killing them softly.
Seriously, I have no idea how a marxist could be a romantic but now I know people are completely diverse and different.
We, the romantics, we'll be humanizing and empathetic when there is no way how to understand things from a close-ranged point of view.
Because yeah some rational people </span><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; white-space: pre-wrap;">have a hard time on fix</span><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; white-space: pre-wrap;">ing emotional issues because they lack empathy.
Even when the problem is a specific habit. They have a hard time to identify, isolate and talk about it.
So, of course, the romantics will be the ones who hug suicides,anxious and depressed people, conforting their imagination instead of making up a list of why they are wrong and how to get away with that.
Emotional responsability is part of what romantics have to teach (but not all students may want to listen and participate of affective circles); While reading the lines and doing the count through shit life demands is the course we'd enroll for those who lack the emotional flux but still can enjoy the ride and profit along the way.
We'll never be happy if we close our eyes to our choices and our feelings. We are what we crave to be, and we must be attentive to that. We crave to be accepted somehow by someone that allows us to see the other side but still carries the same purpose thet we do in their hearts.
We'll never be happy til we accept the love that shares the same ideals we have. We'll be alone because time is the perfect professor and it allows us to see through people's nature. Time allows us to identify the depth of the water. The dive. How dark. How fast or empty.
When in a relationship, we are never meant to be one, so we choose flexibility, we choose to be the givers. Our only mistake is choosing non flexible takers. Not the same can be said about people moved by other ideals and principals. Feeling is what is bought and ripped til you run out of trust. And thats when both of us drive parted ways.
And we learned, so we dont forget, that our love is not bigger than our nature and our knowledge.
At overnight, we sit and lie down and think at the back our minds, there's nothing wrong with break-ups, death and parted ways.
We breathe, carefully, so that we know, some of us, may not come back to sleep again.</span></p>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVJRUu7XCcrdHQLN4_Zenu1Nzzn7OQ6SsmqhpUDBCxkp7EQ_IIlyPDGC52OSA6B4DQp5PPOnP4oB3hA3zoc9tx6tgArbcfaMRzkK-9pen0Sl-_M64XIMSm1ExaJUhux7tB21OmX1zY2LYGAE5BXOWyEOp1FVrfbD2MGWODCx2Z8FsxPGstaN2ST7yLqw/s604/emotion%20and%20reason.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="320" data-original-height="317" data-original-width="604" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVJRUu7XCcrdHQLN4_Zenu1Nzzn7OQ6SsmqhpUDBCxkp7EQ_IIlyPDGC52OSA6B4DQp5PPOnP4oB3hA3zoc9tx6tgArbcfaMRzkK-9pen0Sl-_M64XIMSm1ExaJUhux7tB21OmX1zY2LYGAE5BXOWyEOp1FVrfbD2MGWODCx2Z8FsxPGstaN2ST7yLqw/s320/emotion%20and%20reason.jpg"/></a></div>Alisson Preto Souzahttp://www.blogger.com/profile/01632247796489812373noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3496685058850920624.post-16761423183433618382020-02-18T10:25:00.008-08:002022-12-29T17:46:08.948-08:00O processo do derretimento (está tarde para sonhar)Sempre me vi como uma pessoa quente, <div>mas me descobri uma pedra de gelo, mantida no
freezer em um verão inacabável. </div><div>Seria essa a minha natureza? </div><div>Passar a vida com a
sensação de um verão triste </div><div>com a ideia de um fim inalcançável? </div><div>Julgo-me frio,
pois, a esta altura, </div><div>já coabito e acaricio a ideia da conformação da tristeza. </div><div><div><br /></div><div> Isto sou eu, que, vivendo em uma bolha, espaço lúdico qualquer, multiplicou momentos
felizes e dividiu por quatro. </div><div><br /></div><div>Esperando que alguém não dissesse, "eu vou embora.". </div><div><br /></div><div>Mas minha fala não pára por ai... </div><div>Minha questão não é a solidão... É você. </div><div>Raio de jupiter, que não sai dos meus dias tempestis.</div><div><br /></div><div>É tão
irreconhecível meu rosto no espelho, hoje. </div><div>Mas é tão necessário todas essas
<i>metamorfoses </i>pelas quais passo. </div><div>Me redescobri como um homem inteiro ao
ver meus pedaços e juntá-los. </div><div><br /></div><div>Como se sentasse em uma tarde de primavera </div><div>para
montar as peças de um quebra-cabeças feito de flores. </div><div>Estou ali, às vezes, no
reflexo do espelho montado e completo. Amém. </div><div>Talvez, no fim disso tudo, eu ainda
continue sendo um copo da água no freezer, mas o freezer talvez tenha parado de
funcionar e minha temperatura esteja menos baixa.</div><div>
<br />
Tenho medo do tempo e de sua finalidade. O tempo passa, a noite vem a porta,
descobrimos que os anos são livros em que aprendemos mais sobre nossos erros. Eu
repouso-os sobre a mesa a minha frente, observo-os, penso que sem essas
aprendizagens, eu não poderia ter continuado. Contudo, me entristeço por tudo
que não pude ter, quando me foi dada a chance. </div><div><br /></div><div>"Eu era completamente apaixonado
por dois homens em minha vida." Isso eu direi no portão dos céus, naquele
episódio católico clássico para entrada do paraíso, afinal creio que eu ainda
vá entrar no Céu. </div><div><br /></div><div>--Até lá, os gays e o prazer já haverão entrado no céu, se
Deus quiser -- </div><div><br /></div><div>"Mas não pude fazer o meu melhor com eles," eu continuarei, "pois
sempre fui uma pessoa péssima, pois nunca soubera escutá-los ou manter-me em
silêncio." </div><div><br /></div><div>Espero que, dizendo isso, possa reencontrá-los para dar um abraço </div><div>que
esquente a temperatura da água de meu copo. </div><div>Um copo de plástico de aniversário </div><div>de um primo de segundo grau.</div><div>
<br />
No entanto, acho, honestamente, que o primeiro homem, até onde eu sei, também
ficou devendo suas parcelas de "ponderação" para si mesmo. Mas, o segundo, a
culpa foi inteiramente minha. </div><div><br /></div><div>Primeiro, pois eu fazia sua vida um inferno.
Dentro de um intervalo de tempo, se eu percebia que pressionava-o demais, eu
parava, tentando controlar-me para não sobrepujar minhas ideias e meu ser sobre
sua cabeça. Culpava-o pela ausência de sexo no dia-a-dia. Eu exigia controle
sobre ele, coisa de que me arrependo hoje, pois não há controle. A falta de
argumentação da parte dele não serve de desculpas para as coisas que eu disse,
pois parte de mim pensa que, se ele fosse diferente, se ele se posicionasse
talvez eu não tivesse pressionado tanto, sido tão insistente, tão sufocante. A
única pessoa errada fui eu. Ele me ajudou, mas mal sabia eu que sua ajuda
acabaria levando ao desfecho da relação que <i>eu havia estragado. </i></div><div><br /></div><div>
Pensei no quanto eu me <i>metamorfoseei</i> neste freezer em minha vida. </div><div>Freezer
imenso e de muita culpa sobre minhas ações. </div><div><br /></div><div>É positivo que eu perceba isso, </div><div>ganho autonomia para puder me transformar no que eu realmente sou e o que quero
ser, sem o medo. Por outro lado, é triste. .</div><div><br /></div><div> Sabe os vampiros mais
espiritualizados, </div><div>que sonham e se emocionam com a ideia de ver o sol outra vez, </div><div>mas o sol é tudo aquilo que nunca mais irão ver? É assim como me sinto. </div><div>Trancado
na impossibilidade de algo real.<br />
<br />
Pesadelo é quando o passado assombra os sonhos, e disso, eu não tenho controle.
O mal, as representações do mal e as repressões, os traumas, sempre me
acompanharam de mãozinhas dadas. </div><div><br /></div><div>Com o passado surgem os arrependimentos,] a
saudade, o amor, tudo aquilo que eu poderia ter tido, e a lembrança de quão
repugnante eu fui. Eu fui o abismo, tendo a dizer a mim mesmo, olhando de volta
ao meu eco do compromisso. Mas, mesmo no eco, tinham coisas que me magoavam, sim. </div><div><br /></div><div>Eu sempre tive medo de esfriar pra sempre, </div><div>e medo de não conseguir ser, </div><div>medo de
não seguir a risca a linha das coisas mais importantes da vida, </div><div>por causa do que
eu achava ser minha fraqueza emocional, </div><div>minha insegurança e baixo-autoestima. </div><div><br /></div><div>Eu amo minha vida, e, ao mesmo tempo, sou emocionalmente complexo </div><div>e me amo mais
do que tudo, </div><div>enquanto rio da tragédia </div><div>da tragédia, que eu mesmo crio em minha vida. </div><div><br /></div><div>Com
meus limites mais definidos hoje, </div><div>mas uma dor tão grande quanto a velocidade de
um guepardo, </div><div>correndo em direção a presa.<br />
<br />
Nunca me joguei na vida "a um", talvez por achar que sempre precisei dos outros.
O que não significa que nunca estive "a um". Já estive. Ainda que morando com
amigos, vivi assim. </div><div><br /></div><div>Todos os dias daquele ano miserável eram intermináveis. Eu
fazia coisas da rotina porque tinha de faze-las. Não deveria haver nada de
errado nisso, se eu não tivesse a sensação de perda anterior. Sentia que as
emoções se esvaziavam pouco a pouco de mim, logo elas, que pareciam ser a maior
matéria-prima de meu universo. Sentia-me largando tudo o que era Eu,
despejando o que estava contido em meu ser no mundo, como se algo ou alguém
tivesse me transformado em um pote de <i>shampoo</i> e estivesse me esvaziando. </div><div><br /></div><div>Cada dia, como se fosse uma lavagem, ia deixando a crença do que eu era para mim mesmo, em fios que teciam uma vida sem vida.</div><div><br /></div><div> Me sentia quase
sem forças ou tesão para ter um objetivo na vida, quase larguei a ideia de desenvolver pós-graduação e pensava que não era objetivo e sortudo com nada. </div><div><br /></div><div>O pouco que tinha,
lutava com unhas e dentes para não acreditarem serem </div><div>uma mera ficção para que eu
não me entregasse. </div><div>Com medo de perder de vista as coisas obvias </div><div>que tinham de
ser feitas, afinal, eu tinha emprego, aluguel e contas pra pagar.<br />Eu era esvaziado, dia após dia, um amargor me consumia por inteiro. </div><div><br /></div><div> Como
consertar um vaso quebrado, </div><div>como reconstituir um quadro de pintura queimado? </div><div>E,
todas noites, após a masturbação ou uma transa com alguém qualquer eu voltava a
chorar. </div><div><br /></div><div>Meus olhos acordavam inchados e um novo dia de trabalho começava. </div><div><br /></div><div> As
piores noites era quando eu sonhava com você,</div><div> pois, destacava nossa distância
real cada vez mais crescida. </div><div>Até que outro alguém me quis. Me quis forte, me
quis sem pestanejar. </div><div> Me perdi em meus pensamentos negativos por causa dele.
D'ele, que me quis. </div><div> Me fez desacreditar em minha descrença comigo mesmo. </div><div><br /></div><div> Não
posso reclamar de todas as pessoas boas que já passei na minha vida. </div><div>Então, o
mal, não foi de todo ruim. É impossível, não ter visto a utilidade. </div><div>Do quanto me
ajudou, o último a me relacionar, e o quanto fez perceber quem eu sou e gosto de ser. Mesmo que na dor de me sentir deveras repreendido e pressionado.</div><div>.</div><div> E assim, fui enchendo
meu pote de shampoo de novo, </div><div>com base de muito sexo e tensão argumentativa. </div><div>E
assim fui descobrindo o quão egoísta e hipócrita eu fui nos meus
relacionamentos passados, mas podia não ser nos futuros,de fato.<br />
<br />
. Metamorfoses. </div><div><br /></div><div>Antes, eu era o Poço, eu, a profundidade e o meu eco.</div><div> Um eco
que achava injusto a troca de sentimentos. </div><div>Não queria trocar um sopro de vida
por uma doação de uma dose minha de amor. </div><div>Sempre achei isso uma troca de dois
pesos e duas medidas.</div><div><br /></div><div> Nunca achei que o<i> amor </i>fosse uma
mercadoria de troca. </div><div>Pois nunca troquei-o e, se doei, não percebi e já era tarde
demais para sonhar de novo.</div><div>Nesse momento, percebi um contradição em minha
tentativa de racionalizar o amor. </div><div> Sempre pensei que o amor que tenho<i>
dou o quanto </i>e <i>se eu quero, </i>ou assim pensei toda minha vida. </div><div><br /></div><div>. A contradição se
explica pois se sofro </div><div>é pelo amor que doei e perdi, doei porque quis. </div><div>Logo, meu ex ajudou-me a perceber que ser otário é sempre um problema meu. </div><div><br /></div><div>:D</div><div> </div><div>Talvez sempre tive medo de doar amor, </div><div>devido a história de
ausências na recepção de algo bom pra mim. </div><div> Talvez a maior constatação de amor
próprio que eu manifeste em mim seja pensar em mim. . </div><div><br /></div><div>Consequentemente, hoje,
após todas lições que passei, </div><div>penso no quanto tudo foi esclarecedor, </div><div>e com a
clareza o arrependimento de não ter sido esclarecido desde o princípio, </div><div>algo que antes não faria qualquer sentido, mas agora é diferente. </div><div><br /></div><div>Não somos o mesmo gelo de quando fomos tirados do freezer.</div><div><br /></div><div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4HPcIUhM4bPlaabCIZq32ik5DDuG47J-DOdVoRg7NLJPGn6p3xLr2IQ5GjQ7OIOFvHIXukXi3J5JhHyWA82eT0zweWug_zjKEWdNmdZg3b2hukFgkuXtw_dLC7p5hcmuLFloGiZQN1bj4DVLeUi0iXWFzOxM884Le0SPos1AAAVTaiiv_Tcn4Q2Yuyw/s856/melting.jpg" style="display: block; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="467" data-original-width="856" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4HPcIUhM4bPlaabCIZq32ik5DDuG47J-DOdVoRg7NLJPGn6p3xLr2IQ5GjQ7OIOFvHIXukXi3J5JhHyWA82eT0zweWug_zjKEWdNmdZg3b2hukFgkuXtw_dLC7p5hcmuLFloGiZQN1bj4DVLeUi0iXWFzOxM884Le0SPos1AAAVTaiiv_Tcn4Q2Yuyw/s320/melting.jpg" width="320" /></a>
</div>
<br />
</div></div>Alisson Preto Souzahttp://www.blogger.com/profile/01632247796489812373noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3496685058850920624.post-44761734030957432522020-01-20T09:11:00.000-08:002020-01-29T00:15:11.323-08:00E o tempo levou<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Minha mãe dizia que quando eu nasci minha primeira expressão não havia sido o choro. Ela dizia porém que, de alguma forma, meus olhos eram tristes. As semanas passavam e meus olhos permaneciam assim, divididos entre pena e dor. A impressão do meu espírito preocupou mamãe por um tempo pois minha alma não parecia estar em meu interior mas na expressão do meu rosto, desaguando pra fora de meu olhos de bolinhas de gude. Minha respiração também me denunciava, com suspiros cansados e sem esperança. Acho que minha mãe, no início, tinha certo medo. Uma alma incomum devia andar em algum lugar estranho, sombrio e indesejado antes de penetrar meu corpo. Havia muitas coisas que ela não entendia, mas seguia adiante apalpando meus dedinhos gordos e conversando comigo como se eu fosse entender alguma coisa. Se eu estava com fome me encolia lacrimejante com o polegar na boca. Se estivesse com muita fome mantinha meus olhos arregalados braços e pernas esticados como uma estrela do mar. Não seguia o protocolo dos outros bebês que quando se alimentam voltam a sua vida de sono ou sorrisos. Permanecia muda, olhando fixa pra um dos cantos do teto, com um olhar ainda triste. Mesmo após as urgências fisiológicas meu rosto dedicava-se a tristeza. Todos os exames já haviam sido feitos. Mesmo assim os pediatras não puderam dizer o que era. Mesmo realizados um número razoável de diagnósticos distintos, ninguém encontrou uma resposta para o que eu sofria. A conclusão de minha condição foi: a menina é triste. </span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Anos mais tarde, no natal de 87, meu pai, na tentativa de salvar seu relacionamento com minha mãe, trouxe uma TV a cores pra casa, porém o presente não teve o efeito que ele esperava - o relacionamento dos dois não se arrastaria por mais um ano. Meu pai não entendia a amargura e rigidez da minha mãe. Reclamou da falta de sexo. Da falta de afeto. Da falta de comunicação. Mas nada adiantava. Na verdade a TV acabou por atrapalhar o pouco de atenção que meu pai tivera antes da separação e de sua partida. No ano que sucedeu a saída de papai de casa, minha mãe percebeu, contudo, que aos poucos meu rosto foi ganhando um contorno diferente. Os lábios de minha boca se estendiam levemente para as laterais quando o Coiote caía em suas próprias armadilhas... TNT. Sabendo da minha preferência pelo vilão atrapalhado, ela resolveu comprar um video cassete. Assim, gravou o episódio para reprisar o estímulo. Colocava pelo menos um vez por dia. Lembro como se fosse ontem, e nunca houvera meus lábios repousado novamente, pois minha mãe, pela primeira vez, recuperava as forças da ida de papai. Sua separação não fora resultado de ódio por aquele homem. Era um homem bom e que a amava, por isso havia perdido uns quilos - eu me perguntava. Por outro lado, eu me sentia responsável e decida de manter-me aparentemente feliz, pois entendia que minha mãe andara desnutrida da felicidade. Algo que, infelizmente, por hora só eu poderia então lhe entregar. Essa era uma vida real, a qual eu não poderia fugir. A vida em que a felicidade da minha mãe dependia da movimentação aparente do meu humor. Um centimetro do músculo da bochecha abaixo da face. Eu tonaria minha mãe em um zumbi na frente da televisão. </span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Na adolescência quando os jovens possuem mais privacidade, pedi que batesse ao entrar no quarto. Minha mãe desconfiou de minhas intenções com ela, de que tudo fosse mentira e que eu estivesse esperando esse momento oportuno para fitar o teto e olhar a rua sem fim, debruçada na janela do meu quarto. Mas respeitou meu pedido. Ela estava certa, sozinha eu poderia ser eu mesma.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Já estava na hora do amor bater a porta. Meu emprego me deixava exausta. Sabia que se nao falasse qualquer coisa, minha mãe contemplava romances. Acho que sentia falta de papai, que não falhava em mandar uma quantia razoavel para ela e para mim. Meu pai visitava de vez em quando com sua nova esposa. Era um outro homem. Sua mulher não era como mamãe, vivia perguntando coisas e massageando sua perna enquanto sentávamos no sofá para conversar. Minha mãe costurava, lia gibis e livros religiosos. Vendia marmitas para o bar do Lau, na esquina de casa. Distrações para deixar de pensar que talvez eu ainda estivesse descontente. Pensei em minha mãe e eu em algo que ela gostaria que eu fizesse e que achasse que fosse me fazer. Pesquisei sobre causas da felicidade na internet na escola. E então descobri que as pessoas gostam de ser necessitadas e requisitadas. Que gostam de flores. Que ficam felizes ao ouvir músicas que possam dançar. E que são felizes quando amam. Por isso entrei em um chat. Um desses de encontros e cidades. Conheceria alguém proxurando alguem para amar. No jantar, antes de ir longe demais com alguma paquera, perguntei se ela ficaria triste se eu amasse um homem. Ela me respondeu que queria me ver feliz e que isso era o que importava.</span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">A procura durou mais uns quatro anos. Mas ele bateu a porta da casa de minha mãe. Ficou hospedado em um hotel na nossa cidade. Não era daqui. O homem era bobo. Parecia a mulher que andou com meu pai por um tempo, mas mais firme e dono de si. Viajei para São Paulo dois meses depois. Estava semi-casada com ele. Não era nenhum amor nacionalista, portanto não estava forjado para o fracasso. Quem diria, eu, aos 25 anos, com meus cabelos dançando ao som do ronco do motor. Voltavamos de uma festa, que não se esquece quase nunca. A vida era mais fácil agora que já entendia onde a estrada iria terminar. Eu sabia agora qual lado do céu eu veria o amanhecer mais uma vez. Sabia que entre a chuva e o sol eu tinha muitas possibilidades. Os prédios ficavam pra tras enquanto voltavamos para nosso lar. As imagens daquela abenida, me faziam pensar que eu pudesse, de fato, sentir-me livre para escolher meus olhos e o movimento dos meis lábios. Parecia que eu vivia ali cenas apropriadas de algum filme de romance. O sol irradiante atravessando como flechas por entre as construções e ele me tirava daquele convívio desarmônico que eu me submetia comigo mesma. Pensei. Eu estava isolada e não precisava de mais nada ou ninguém. Um troco ou dois talvez. Nada aqui parecia simulado. Pela primeira vez em muito tempo sentia-me livre, flutuando como penas de travesseiro que me encolhia para dormir no colo de minha mãe. Fundíamos a existência de independência emocional e desligamentos. Ele era como eu. Eramos um tipo. E isso faria-nos girar como bondoleiras coloniais. Dominávamos a cidade ou assim era o que meus sentidos comunicavam ao meu corpo. Pulsões elétricas navegando em meu corpo e uma onda de calor que começava em minha nuca e deslizava pelo meu antebraço que descansava na porta do carro. Isto era o gozo que me habitava, como uma criança que nunca o teve desvinculado de qualquer violência. A violência do desejo. Me sentia tão culpada e responsável por algo que nunca acolho. E isto era o que eu causava nele: tremores de adrenalina. Era como se os olhos dele esperassem isso de mim repetidamente. Embora eu esperasse que ninguem esperasse mais nada. Ou tivesse a música me reafirmado que esse olhar seria algum tipo de significado. Um significado invisível que na verdade se traduzia em correntes pesadas amarradas ao coração. Seus olhos e suas mãos pequenas de dedos gordinhos vibravam com minha presença. Eu não sei se era a bebida ou a velocidade da metropole sendo deixada para tras. São Paulo tinha vistas lindas, eu pensei. Sera que elas esperam algo de mim? Nos primeiros meses se resumiu a presença. A presença era uma evidência pra ele, ou talvez uma grande ansiedade: dias efusivos marcavam o horizonte daquelas serras enquanto descíamos para praia. Senti um apito no ouvido, acho que esta parte da estrada estamos mudando de altitude. Teriamos que esperar o apito se fossemos voltar da baixada, isso me perturbava nessas viagens. Um sinal de começo, fim e espera. O mundo acontecia enquanto nunca teria me sentido mais fixa e rígida na vida. E da apreciação lúdica daquela troca de energias, eu enchia-me de esperanças novas. Eu tinha o desejo e a esperança de um antecipado e praticável futuro em que o presente fosse habitável e pleno de ser - ou talvez tinha optado por esquecer de minha mãe e de como ela estaria lidando com suas relações sociais no asilo. E, portanto, parte de mim estivesse tentando negar a vida que era minha - de rosto triste decorada de pena e dor.</span></div>
Alisson Preto Souzahttp://www.blogger.com/profile/01632247796489812373noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3496685058850920624.post-51825429727837134612020-01-18T11:52:00.002-08:002020-02-18T09:16:55.604-08:00Sobre pensar e sentir<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;"> Alguns nunca saberão o que é sentir. Pois não permitem-se. </span><br />
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;"> Apesar do pensamento racional ser um tema clássico ao campo da filosofia pura, o contexto social atravessa e afeta níveis cognitivos e psicológicos invisíveis a uma impressão mais crua das coisas. Destaco a importância de aceitar que em um circulo social, o mundo não é só formatado/configurado pelo sujeito, como também é o agente que influencia indiretamente seus desejos e ações. O mundo , portanto, vai formatando o sujeito sem sua autorização ou consciência. Além disso, ao pensar na natureza da ação humana em um contexto social também precisamos considerar que em um período de hiperconexão global, a diversidade cultural, social e simbólica se fundem e coexistem entre si em permanente troca. A consequência dessas variáveis é a desconstrução d</span><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">a ideia de razão inata e razão pura,</span><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;"> sobre a abstração e compreensão das coisas, principalmente na percepção de outros sujeitos.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;"> Embora o sentimento seja inevitável, portanto alguns escolhem negar o sentir, crendo estarem imunes do sentimento no mundo a medida que negativizam o ato de sentir. Nesse caso, indivíduos intelectualmente capacitados, recaem em um limbo preambular do pensamento intelectual sobre esta dicotomia. Os auto-legitimados racionais creem que sentir é uma fraqueza. Baseiam seus atos e projetos com base na ausência de sentimento e sucesso, sem perceber que ambos a presença do sentimento e o sucesso estão intimamente ligados. Pensam e pensam mais um pouco em como não sentir. Não percebem o quão absorvidos estão pela razão, a ponto de não verem a alma e o tempo da alma.</span><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;"> Os auto-legitimados racionais esquecem-se que os excessos também são fraquezas. </span></div>
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"> Por outro lado, é muito fácil se deixar levar pelo que sentimos, e talvez por isto, sentir seja compreendido como uma fraqueza. Pois quando isso acontece vamos perdendo o critério dos fatos e das coisas. A percepção dos eventos e dos fatos são aspectos que destacam o raciocínio e a racionalidade. A sequência é parte integrante da razão entre as coisas e os eventos. Porém a perda do critério dos fatos também pode estrar na falta de percepção sobre o excesso, isto é a focalização excedente em sequencializar e pontuar os fatos. A perda do crivo crítico é perder in</span><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;">admissivelmente </span><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;">o que se sabe, o que, por consequência, torna o ser menos crítico. Menos atento em relação ao seu redor e suas manifestações, ou menos realista. </span><br />
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"> Se a realidade está lá fora, e a razão está impulsionada para dentro do ser, existe a probabilidde de a razão estar fadada ao ego. O ego por sua vez está intrinsicamente ligado ao afeto e ao desejo mais individualista da esfera humana, e também ligado a identidade do ser. É justamente na fixação à razão que se perde a humanidade do crítico, e , em vez disso, se expressa o egoísmo. A percepção fica mais visível quando permite-se aos auto-legitimados racionais perguntarem-se: Se sentir é a fraqueza, porque amar a permanência da razão? E aí vem a cegueira da razão, como uma cachoeira invisível entre o homem e o seu outro, atrapalhar na comunicação humana. </span><br />
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"> Parto do princípio que o mundo social é um espaço opressor. É claro que o homem que pensa, em um mundo que insiste fazê-lo desaprender, merece todos seus méritos, afinal, se assentou de modo digno na lógica das coisas, expressando sua identidade sem piscar duas vezes seus olhos. A bravura e convicção ofertada pela razão traz-lhe o mérito merecedor. Mas merece? Por outro lado, creio que sejamos um pouco reféns em um mundo que precisamos coexistir com o preconceito, planejado e estruturado por meio de opressão. Tornamos-nos mais duros se nos forjarmos dos melhores argumentos e explicações; menos vulneráveis ao nos precipitarmos ao outro nível das possibilidades discursivas do interlocutor. É vital destacar que, em um contexto de opressão, se leva tempo para aprender a reconhecer esses vazios entre o desejo e o funcionamento das coisas, se distanciar do seu próprio querer, preocupando-se com o desabrochar dos acontecimentos. Na opressão o que se aprende e se desenvolve a interioridade. Existe uma necessidade de aprender as razões internas para a expressão da identidade, uma razão trabalhada para o auto-amor. É no contexto de preconceito, violência verbal e manipulação afetiva que o ser é puxado para o miolo do pensamento. O sujeito é induzido pelas situações a pensar em como defender-se, como escapar da violência verbal, e como fechar seus sentimentos para o outro, a medida que é enfatizado que isso é o essencial para sobreviver.</span><br />
<span style="background-color: white; text-align: justify;"><span style="background-color: white;"><span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 14px; white-space: pre-wrap;"> No entanto, na circunstância de uma criação em </span></span></span></span><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;">um ambiente menos opressor,</span><span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"> </span><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;">o intelectual, </span><span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;">se isso for possível, </span><span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;">pode esquecer da multiplicidade das possibilidades de aquisição histórica do homem. É neste ponto articulatório que é localizado o tendão de aquiles do pensador crítico. O crítico falha pelo excesso de despersonalização do homem, pecando pelo amor à razão e apontando para alguns de seus fracassos estruturais, que denominarei o retorno à razão. A fuga da razão, portanto, é a fuga também da particularidade humana. Os pontos do seu fracasso expressam que o pensador precisa revisar o caminho de seu alcance a uma lógica-pura da razão. Os passos </span><span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;">seguintes </span><span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;">sublinham esse caminho tortuoso do intelectual com o crivo crítico.</span><br />
<span style="background-color: white;">
</span>
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"> Os itens escolhidos neste texto realizam uma trajetória em direção ao desenvolvimento do pensamento crítico. Esta escolha se baseia em um conceito transcultural e interdisciplinar. Primeiro pretendo citá-los com uma breve explicativa sobre sua definição. Logo em seguida me aventurarei com profundidade o funcionamento de cada um dos itens. </span><br />
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"><span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 14px; white-space: pre-wrap;"> A </span></span></span><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;">escuta, para o reconhecimento dos fatos e dos argumentos; </span><br />
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"> A a</span><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;">gência pessoal, para não destacar uma anuência a posição do outro; </span><br />
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"> A lógica básica, para não perder-se na vagueza da comunicação; </span><br />
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"> A percepção da fisicalidade, para atender a expressão corporal do interlocutor; </span><br />
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"> O tom, o pensador precisa atentar para o humor navegado pelo discurso.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"> É mais fácil aprender a pensar do que deslizar sobre a sabedoria. </span><br />
<span style="background-color: white;">
</span>Alisson Preto Souzahttp://www.blogger.com/profile/01632247796489812373noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3496685058850920624.post-39067218009959521002020-01-11T11:51:00.002-08:002020-01-29T01:07:10.031-08:00Sobre os sonhos, a culpa e o fracasso<div style="text-align: justify;">
Olhei para osdois cantos do travesseiro como se procurasse alguma coisa. Apesar da sensação, sabia que não havia nada ali para ser perdido. Expirei uma corrente longa de ar de meus pulmoes, esvaziando-o de um sentimento esquisito, mas familiar. Brotava como uma flor do mal, uma emoção confusa rm mim. Eu havia cometido um crime, e sabia, pela culpa que circulava como dragões de cômodo circulando em meu umbigo. Eu sentia como se fosse gin pura, deslizando pelo meu esôfago. A bile voltava por algum canto da garganta, mas que crime havia sido este?! Aliás, o que é um crime? Se a moralidade do culpado não consegue ser justificada. Eu escorrego para a beira da cama enquanto coloco minhas mãos na cabeças apoiando meus cotovelos nas pernas. Essa sensação criminógena tem sido frequente? É algo corrente ou pertence ao passado? Vou tentando decifrar meu crime, colocando-me como detetive de mim mesmo. É assim desde sempre que deixei pra trás meu passado. E, ás vezes, ele vem me açoitar e assustar. Entendo. Sinto como se fosse parte de um castigo ou qualquer coisa do gênero. Mas por que você mereceria um castigo? Porque eu acredito que tenha errado demais com a vida e principalmente com os participantes da minha. Espera. Você matou familiares? Não. Não removi a vida de ninguem. É como se parte de mim soubesse os limites do que fosse possível e praticável; técnico e pragmático; mas lutasse contra uma força maior e mais forte do que eu. É uma espécie de arrependimento, então. Quase isso se fosse só isso. Essa coisa que diz pra mim: você ainda faz tudo errado ou a culpa é sua. O que que você se arrepende? Talvez eu nunca devesse deixar essas vozes entrarem na minha pele; nas minhas fraquezas, na meus verdadeiros ponto fracos. Por que deixa então? Não sei e nem entendo. Mas é assim comigo, eu escolho isso pra mim. Portanto, deve ser culpa minha.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"Não me leve a mal", procuro dizer pra mim mesmo, pois nada do que eu faço é para atingir a mim mesmo. Mas atinjo. Atinjo quando parte de mim não está aqui comigo. Quando eu poderia estar em outro lugar, mesmo que não exista mais. Que outro lugar? Outro. Sim. E que visito enquanto durmo. Certo. Você gosta de falar sobre sua dor. Posso? Siga em frente. Me atinjo quando percebo pelo seu rosto, que sempre encontro em sonhos, uma parte de mim que não é exatamente o amor, mas o fracasso embalado no amor. Rosto de quem? Meu? Não seu. Meu. Me atinjo quando creio no que nunca poderia ter dado certo. Me pego preso em especulações. Em tudo aquilo que poderia ter sido. Em quem nunca poderia ter sido um parceiro bom pra mim. Me atinjo. Todas as vezes. Nos sonhos. É sobre o amor, nos sonhos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Dizem que é só lá mesmo. Por que? Por que somos seres contextualizados Não nos cabe amor fora do devaneio. Ou do sonho. Mas depende do amor que você esteja se referindo. No amor do sonho, que já foi real mas persiste no sonho. Você rejeita amar o real. Não exatamente, mas havia algo faltando. Mas não era outra pessoa. Hoje faltam ambos. Entendo. Dizem que os pesadelos são ruins, mas eu venho a discordar disso. A penumbra do pesadelo se arrasta até o tropos do seu momento fatal, mas o sonho... Por que você tem medo dos sonhos? Pois mesmo com os olhos acordados ele continua. Ele vai te corroendo como se tudo aquilo que você tivesse por certeza, se esfarelasse diante dos seus olhos e você enxergasse, naquelas raras e estranhas vezes da vida, quem você realmente é, desnudo dos escudos e desprovido de todas defesas. Nesse instante consigo sentir o que meu corpo realmente sente. É como se essa versão mais autentica de mim me dissesse, o amor é isso: desintegração da realidade, conflito espacial e temporal e fracassos emocionais. Sua experiência possui um teor altamente negativo. O sonho vai se arrastando na vida, descascando sua realidade e o seu centro. Minha? Bom, de quem quer que seja. Por isso, alguns sonhos nunca serão bons. Já tentei me perguntar por que isso acontece... Mas me dói tanto, e me pego as vezes me culpando em silêncio. Ainda não entendo a culpa. Nesse casco oco que fiz parecer ser eu mesmo estou perdido. Estou perdido e estou triste. Nem sempre. Mas esse é o meu eu dos sonhos... Se eu soubesse que continuaria sonhando por todos esses anos, teria criado uma máquina do tempo, voltado e me avisado sobre todos esses escombros de memórias afetivas que eu viria empilhar... Continuo criando memórias, como se nossa vida continuasse. Parte de mim se sente mal por não conseguir dizer não a esses encontros casuais. Sonhos são manifestações do inconsciente, para Freud. Quase isso acontecem sem pedir permissão para entrar e simplesmente vão consumindo minha atenção. Isso resulta no fato de que eu ficcionalizo vidas e e que parte de mim vive nessa ficção em que eu estou sempre em dúvidas sobre meu presente. Dúvidas sobre o que? Sobre minhas certezas. E isso dói, mas, mais do que isso, dói eu perceber o meu fracasso como ser.</div>
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Não entendi sobre o que você estava falando. Menos ingênuo, eu acordei do sonho hoje pensando nos passeios que dávamos naquele shopping. E você em algum momento me disse: eu acho que devia me separar, olhando pra mim como se esperasse algo. Frases como essa, vindo das pessoas que mexem conosco, mexem também com o fogo de nossa alma, aquele que controlamos para que não destrua nossa vida por inteiro. Um fogo natural, faíscas que nos motivam a viver. Meu fracasso como ser foi ter respondido: eu também. Por isso a culpa: sinto-me sozinho nessa ilha em que moro junto as faiscas de meu peito. As vezes não tem ar lá, isso se deve ao peso do o amor. É tão grande que você se acorda afogado nas lágrimas e no catarro de tanto que chorou sem perceber. Seria o ideal não amar? Seria o ideal amar uma só vez? Não sei racionalizar essas coisas, pois apenas sinto muito a existência delas. Meu crime é ter acreditado que eu amo demais, pois quando você ama demais, você sempre perde.</div>
Alisson Preto Souzahttp://www.blogger.com/profile/01632247796489812373noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3496685058850920624.post-59332488036640323592017-12-01T19:19:00.003-08:002017-12-01T19:30:54.232-08:00Cassino<div style="text-align: justify;">
No céu de São Bernardo do Campo o dia era ensolarado e com algumas nuvens. Um sol batia nas lonas das tendas dos ambulantes. Entre um vendedor de milho em prato descartável e outro, atravessei as lojas da Marechal. Tentei desviar com meus pés dos filmes espalhados por cima de cangas de praia ou tecidos de rendas surrados do uso diário. Precisaria apenas de um brinco. Uma argola em formato de anel. Percorri o lobo de minha orelha esquerda com a ponta de meus dedos. Não seria necessário pedir ou exigir permissão a ninguém. Apenas caminharia ao estúdio naquele meio da tarde de Agosto para a transferência de espírito. Era limpo e com um grande número de adereços e procedimentos profiláticos. Naquele lugar não havia qualquer índice de descuido. A organização do estúdio era impecável. Se eu tivesse qualquer intenção de abandonar a causa, não a teria feito. Fui recomendada que sentasse assim que tentei agrupar justificativas para não tomar a cabo a perfuração da minha orelha. Outra época eu teria me sentido culpada pela iniciativa de ter insurgido contra as ideias da mãe. Não sentia-me assim e isso devia a mudança tanto geográfica quanto íntima que eu teria me predisposto na transição do inverno para primavera que me precedia. Os tempos eram outros e a vida apontava para um paraíso: o roseiral descoberto em um espelho de elevador que ascendia até meu novo apartamento. Não era um par de brincos, era apenas um brinco novo e nada decorativo. O brinco era simples mas era tudo o que se propôs ao sair de um dos lados de sua circunferência até afivelar-se a sua outra extremidade. Assim a vida relava-se nesta nova cidade dentro de uma proposta mais sincera e estruturada. Sem a guerra dos desejos de sua mãe ou as imposições da revista que servia como modelo. Os frutos de sua estrada aos poucos pareciam mostrar suas cores, assim como as flores desabrochavam nos vasos dos canteiros de seu condomínio. Pensei no que a arte poderia me trazer no tempo que agora julgava ao meu favor. Um novo dia se desdobrava sob a grama cheirosa das várias pracinhas espalhadas por Jordanópolis onde destinos eram assobiados no canto dos sons da natureza. Iam se sobrepondo as casas que lembravam para ela a água, o equilibrio e talvez alguma parte do interior do Cassino.</div>
Alisson Preto Souzahttp://www.blogger.com/profile/01632247796489812373noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3496685058850920624.post-71628972231682945512017-12-01T17:44:00.003-08:002017-12-01T17:44:40.698-08:00Retratos<div style="text-align: right;">
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<span style="text-align: justify;">Meus cabelos dançavam ao som da velocidade e o ronco do motor. Nada mais leve que a estrada e o amanhecer nelas. O sol irradiante atravessando como flechas por entre as construções e ele me tirava daquele convívio desarmônico. Pela primeira vez em muito tempo sentia-me livre e onde eu realmente pertencia. Fundíamos a existência em um ato de independência. Dominávamos a cidade ou assim era o que meus sentidos comunicavam meu corpo. Pulsões elétricas navegando pelo meu corpo como uma onda de calor que começava em minha nuca e deslizava pelo meu antebraço que descansava na porta do carro. Isto era o gozo que me habitava, como uma criança que nunca o teve desvinculado de qualquer violência. E isto era o que causava nele: tremores de adrenalina. </span><span style="text-align: justify;">Era como se os olhos dele esperassem isso de mim repetidamente. Vibrassem como se minha sensação de liberdade alimentasse a própria esperança de seus desencontros na metrópole. Aquilo era uma evidencia pra ele, ou talvez uma grande expectativa: d</span><span style="text-align: justify;">ias efusivos marcavam o horizonte daquelas vistas que tiravam nosso ar enquanto descíamos</span><span style="text-align: justify;"> para praia. E da apreciação lúdica daquela troca de energias, eu enchia-me de esperanças novas. Eu tinha o desejo e a esperança de um antecipado e praticável futuro em que o presente fosse habitável e pleno de ser.</span></div>
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<span style="text-align: justify;">Minha mãe dizia que quando eu nasci minha primeira expressão não havia sido o choro. Ela dizia porem que de alguma forma meus olhos eram tristes. As semanas passavam e meus olhos permaneciam assim, divididos entre pena e dor. O efeito do meu espirito a preocupou por um tempo pois minha alma não parecia estar em meu interior mas mergulhando em meu sangue, brotando em minha respiração; uma alma de dar medo, pois essa conhecia as dores do mundo, de suas incapacidades e portanto das correntes que o prendiam, teias de algo que ainda nao entendiamos. Eu mamava e meus olhos continuavam tristes. Mesmo apos as urgências fisiologicas meu rosto dedicava-se a tristeza. Todos os exames ja haviam sido feitos. Mesmo assim os pediatras não puderam dizer o que era mesmo depois de três diagnosticos sem identificar atraves dos sintomas uma resposta para o que eu sofria. A conclusão de minha condição foi: a menina é triste. Anos mais tarde, era natal, na tentativa de salvar seu relacionamento com minha mãe, meu pai trouxe uma TV a cores pra casa, porem o presente não teve o efeito de duração que ele esperava - o relacionamento dos dois não se arrastaria por mais um ano. Minha mãe percebeu, contudo, que no ano que sucedeu a saída de papai de casa, aos poucos meu rosto foi ganhando alguma expressão diferente. Os lábios de minha boca se estendiam para as laterais quando coiote caía em suas próprias armadilhas... lembro como se fosse ontem. Nunca houvera meus lábios repousado, pois minha mãe pela primeira vez recuperava as forças da ida de papai. E eu me sentia responsável e decida de manter-me aparentemente feliz, pois entendia que minha mãe andara desnutrida da felicidade. Algo que só eu poderia então lhe entregar. </span></div>
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Alisson Preto Souzahttp://www.blogger.com/profile/01632247796489812373noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3496685058850920624.post-25205267409683799482017-01-26T03:21:00.000-08:002017-01-26T04:01:49.768-08:004. Nomes<div style="text-align: justify;">
Eu era mais temperamental. Menos sabida. E os metrôs eram longos. Mas chegavam em casa. Na época, eu era Camila. Fui ser modelo em uma agência em Paris, morei seis meses na cidade da luz, pouco tempo para perceber minha alma solitaria no reflexo de uma escultura grega no Louvre e querer voltar. Mas isso foi antes de São Paulo, antes de conhecer Nair, a menina do Acre- que havia acabado nas ruas pedindo esmola- ser traída pelo conhecimento e... deixada pela distância. Quando voltei de Paris já tinha um portfolio e tanto. Tentava achar minhas chaves enquanto Elias, meu bulldog francês e a paixão de minha vida, mordia minha sapatilha contestando sobre minha saída. Elias tinha 3 meses já.. dormia com seu rosto apoiado no meu pescoço e roncava até receber caricia na sua testa marrom. O nome veio de um moço bondoso de rua em São Paulo que divide o papelão-cama com a Nair e faz ela se sentir um pouquinho mais humana e menos sozinha: mesmo depois de tudo. Ele ajudou ela a sobreviver morando na rua. Foi amigo, irmão e dividiu o pão ate onde eu sei. As vezes tinha uma recaida no crack m, mas a maior parte do tempo esta sobrio, enfrentando a homofobia e o medo que rico tem de moradores de rua. Gosto de brincar com nomes, entao decidi usar o começo do seu nome Enzo e o sobrenome de Nair, Lias. E foi assim que Elias nasceu. Dividido entre sua raça classuda e seus movimentos selvagens. Tinha atitudes de macho alfa: mijava nas laterais de sofa, rosnava para estranhos e depois vinha dar carinho quando bem quisesse, cheirava minhas sapatilhas recem usadas para me cerificar de que outros fucinhos nao andavam arfando la. Porem tudo mudou quando Nida apareceu na minha vida. O amável Elias ainda mordia minha sapatilha quando a campainha tocou. Um homem elegante havia me encontrado, - Elias rusnou para ele como quem diz " vai cagar fora da minha casa". -dizia ter uma proposta para o teatro. O teatro e o Elias foram a minha valvula de escape, meus amores eternos. Andava com essas crises no trabalho. Achava tudo tão raso e vão. Modelar para revistas, exposicao de grifes. Cansei-me, dei um tempo a minha beleza externa e resolvi embelezar minha alma com Arte. Trabalhei com o diretor de teatro Umberto Fraga - o mesmo homem o qual fui reconhecida em um revista, que costumava chama-lo de Fraguinha., queridinho dos gays locais, das pessoas mais zens e de gente dos cursos de humanas da USP. Trabalhei em oficinas de teatro e logo em seguida fui chamada para um filme independente. L'amour du Bouche fez sucesso no Cinema Itau independente. Passou em muitas sessoes do verão daquele ano ainda fatidico. O mesmo cinema que conheci Lugo. Fatidico foi o desejar proibido, em um ano em que o amor estava morto. Despertou-me de um coma como o beijo do principe da Branca de Neve e nunca mais senti força tão ameacadora sob mim mesma quanto o sentimento inabalavel do seu olhar e ouvidos preciosos. Ah, Lugo, se eu soubesse que te tornarias a safira a qual o destino abruptamente apanharia de mim, como o roubo de um suspiro no declive ingrime da rua Augusta... Rapido e imperceptivel como mágica. Mágica que expirou da validade. E por este ano revivi sob holofotes, sentia-me uma das estrelas de Cabaret, desejadas por gangs rivais e pelas naçoes. Renascida de cinzas como a Fênix. Motivo de chacinas, intrigas e trafico de drogas. Romeu e Julieta pós-moderno, onde nao ha necessidade para um Romeo em cena. Prometi a mim mesma que me tornaria uma das atrizes dos filmes em cartaz. Minha primeira sessao de cinema em Sao Paulo. Queria parecer um pouco só quem sabe com a Renata Sorrah ou a Gloria Pires... pensei que elas nao me ouviriam enquanto pensava alto nas ultimas corredor de assentos do cinema.. mas ouviram... assim como meu querido e sempre amado Lugo, que não ouviria hoje meu lamento nas margens do Guaiba. Tão longe de mim mesma eu vivia. Ou longe, apenas, de uma parte de mim, que fui obrigada a arrancar em uma cirurgia sentimental. Pouco a pouco me importo menos com o que penso, pois ja nao vale a pena ter-me sem parte de mim. Vaga alma flutuante e apaixonada. Cada vez mais desimportando-se mais com o mundo. Num trajeto irrevogavelmente incurável. Doente do ego, da fuga do ego, da fuga do ' eu' sem encontros com um abrigo a que eu pertença de alma. Não ha lar enquanto o coração não está, há? Choro. Continuo temperamental, conscientemente pouco sabida, e sem metrôs em minha rotina de ser. Já é escuro em mim desde que eu vim, contudo já não sou aquela Camila, e onda dos meus pés não sao as mesmas da praia de São Vicente.</div>
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<a href="http://www.cineart.com.br/cinemas/premier/CF012911.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.cineart.com.br/cinemas/premier/CF012911.jpg" height="239" width="320" /></a></div>
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Alisson Preto Souzahttp://www.blogger.com/profile/01632247796489812373noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3496685058850920624.post-10700900588613449802016-12-24T11:29:00.003-08:002016-12-24T11:42:28.364-08:003. Reencontro<div style="text-align: justify;">
Estar contigo era meu sorriso e ser sorridente era poder ser feliz. Não estar não me definia um ser vivo triste ou melancólico. Não estar dizia mais coisas sobre saber quem sou. Decidi retornar a minha essência, viver-me no perdido: o breu do escuro, deitado sobre a cama, imaginando os objetos postos nos respectivos locais, que hoje ja desconheco. São essas as projecoes mentais das quais sao prendidas minhas veias emocionais esticadas ao limite da minha alienação a um universo que já não mais pertenço, tal como as cordas de um violino ou um violao celo, das quais vertem as melodias bucolica e belas. As coordenadas de cada movel como um mapa que transparecem a concretude desse amor. Larguei a chaleira sob o fogão, escravo de quem me tornei, sentei com as pernas cruzadas e acendi um cigarro. Acredito que mais um ciclo de lavagem da maquina de roupas chegava ao fim. Me questionei como a servidão a vida social me libertava do ego, que me engolia junto ao fracasso. Fracasso como modelo e atriz, dizia ao meu espelho o quanto eu era especial mas me via naquele quarto, naquele comodo e a realidade ecoava "Isso é o melhor que já conseguiu?". Empreguei-me no ócio pois não haveria competiçao mas o clamor do espirito do auto-conhecimento. Uma vez uma de minhas amigas da agência de modelo contou que precisavamos dar a impressão de não estarmos competindo, para alcancar a beleza inatingível, que competir era uma perca de tempo para os sonhos mais baixos e rasteiros, esse charme quase cinematografico, formula do sucesso na vida. Porem, hoje, perdida no escuro, o qual amo, pois o escuro que me alimentava, parecia mais um salto de paraquedismo que deu errado no momento proximo a aterrisagem. Um daqueles sonhos que caimos, mas nao sabendo aonde ou quando vamos parar. Despejei a agua no cafe instantâneo, prendi a caneca em meu indicador e sai da cozinha. Sentei-me no espelho do fracasso e perguntei-me quando seria tirada aquela venda de meus olhos. Quando Os conselhos da minha amiga nao puderam ser seguidos por ela mesma, que comecei a desconfiar da existencia de uma venda. Ela nao faleceu mas vaga por São Paulo hoje, virada em ossos e visões distorcidas da vida. Acabou nao dando muito certo na Agencia e gastou seu ultimo centavo em drogas, confiou nas pessoas erradas, recebeu conselhos errados, de pessoas nao tao iluminadas. A ultima coisa que chegou aos meus ouvidos foi a sua aparicao nas ruas a procura de comida. Enfrentei o espelho e me perguntei se pudedse ter sido o Amor que houvesse a matado de certa forma. De certa forma é por ele que todos nos morremos, todo dia. Quando mesmo depois de nosso esforco, ele nos desaponta, nos deixa sem vestigios, perdemos aos bocados o sorriso e um pouco de tudo que nos somos. Coloquei sua mão que repousava sobre minhas pernas de volta ao volante. Mesmo saberndo da ausencia de seu sorriso, perder-me sempre fez era partparte de meus reencontros. Adiante eu, sem saber-me de mim mesmo. </div>
Alisson Preto Souzahttp://www.blogger.com/profile/01632247796489812373noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3496685058850920624.post-51434989277515731892016-11-23T03:41:00.000-08:002017-01-26T03:28:12.489-08:002. Dinheiro, poder e glória<div style="text-align: start;">
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<span style="text-align: justify;"> Era manhã cedo. Meus olhos esmeralda brilhantes no comeco de uma nova semana. Embora tão cedo fosse, aquela sensação de tão vivida, aquela manhã, já havia sido sentida. Mas o que faria uma mulher de 35 anos na beira do Guaiba pelo amanhecer. Seria uma contradição dizer que a vida de uma artista famosa não é sobre decadência? Aliás, ser adulto não é sobre viver a decadência? Vai ver por isso os velhos preferem os netos. Crianças tem vida. Mas e o adulto, o que ele tem, senão o oco. Se não houvessem as drogas hoje, não haveria eu. Meu top de flores impecável, azuis da cor da água, - água da viagem a Baixada... praia do mar de Guarujá. - Minhas unhas repousavam sobre as celulites das minha perna, que haviam deixado de serem escondidas já fazia cerca de duas semanas. Só usava shortinhos provocantes para mostra-las nos corredores do meu antigo prédio. Não que auto-estima nunca tivesse sido o motivo de algumas conversas com meu terapeuta. Cristovan sempre é objetivo e crú em suas análises, para não dizer cruel. Me colocava naquele divã maravilhoso dele, que me fazia perder o proposito da consulta, pois eu queria relaxar-me e receber a bela de uma massagem. Cristovan tinha mãos grandes como poderiam ser as de Arnold Schwazneger na vida real. Mãos delineadas, rústicas, unhas cuidadasb porem péssimo hálito. As celulites já haviam me incomodado o suficiente no início do ocaso biológico advindo das três décadas do viver. Minha segurança sempre veio do cabelo e do meu rosto impecável, intocado pelo tempo. Cor do cabelo. Movimento do cabelo. Corte do cabelo. Disposição do cabelo. O poder era o Cabelo. Assim como era o tamanho do pênis pro homem. Tem homem que até compara pra sentir-se orgulhoso. Sei disso porque fui casada com alguns por algum tempo. Já mulher sem o glamour do cuidado com o cabelo era equivalente a um homem de pau pequeno. Comentei nas conversas de camarim o tema: a importância do cabelo. Ao visível, meu cabelo deveria acertar alguns corações pois alguns Serafins perfumavam alguns dos meus fios, e contrabandiavam a um certo Cú-pido que os transformava em flechas para uso pessoal. Me atraía a emocao, dos olhares e da juventude, da ignorância sobre a existência da decadência. Como todo carro, sua gasolina, esse combustivel, que tece com a linha do destino a irônica dualidade adormecida em meu âmago, um dia acaba. Conhecia-me melhor esse ano, pois entendia meus personagens melhor. Ah, meus personagens. Eu vivia muitos. Quase todos iam morrendo e sobrevivendo, digamos que em uma UTI eterna. Abafados pelos pulsos de vida que me restavam. Acreditava que era por causa das odisseias pelas quais atravessavam. Preferia acreditar que meus favoritos vinham a quase falecer em florestas tropicais. Aquelas ribanceiras de rios estapafúrdios e nada especiais; de correntezas violentíssimas; tragicamente esquecidos por quem um dia os amou. Mesmo quando houvesse alguém a procura, a agua se misturaria com os corpos e nenhum seria encontrado. Nem Estácio, nem Tadeu, ou Camila pois lá habitava minha água doce. Mas a esperança de que os fossem procurar, mesmo que inalcançáveis, servia-me como religião. Essa gasolina, fazia-me viver o constante resistir. Estácio... morto pela indiferença. Tadeu... traído pela sabedoria. Camila, deixada pela distância. No intervalo de criação entre um e outro jaziam o dinheiro, as drogas e o conhecimento. Eu era engolida por esse rio de mistérios, o caminho menos percorrido pela gaivota bicando a superfície do Guaiba, enquanto os barcos, da outra margem do mesmo rio, flutuavam ancorados na mesma. Não sei se foi a cocaína ou Estacio... mas algo suspirou-me "És portanto a falta de plenitude, que alimentava meus sonhos e a me dar ânsia de navegar..." a descrever-me incompleta. Sentia as linhas tortas das ondas e a salubridade arder mInhas narinas. Buscava o ânimo. Lógico que eram as drogas o motivo de haver uma mulher maravilhosamente decadente em plena margem do rio de uma capital falida. Algum sexista passando em um dos carros pelo Iberê provavelmente deve acreditar que estou pedindo encarecidamente por um estupro. Eu já fui estuprada algumas vezes e não pedi nenhuma delas. Lembro casualmente mas não falo sobre. Sinto que poderia destruir minha carreira...minha imagem. Não dói lembrar... não dói nada depois de cheira-las. As marolas quebrando, jogando num assopro uma delas contra a outra, em competição de empuxos. Embora não saiba nem o que a Física significa por empuxo, prefiro a Arte. O sol. A água. O sal. Queria cheirar as dunas... a praia.. a maresia da areia... o verão. Eu queria as ondas. Fechei Meus olhos. Precisava delas.</span></div>
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Alisson Preto Souzahttp://www.blogger.com/profile/01632247796489812373noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3496685058850920624.post-50513667838522772392016-10-15T08:51:00.003-07:002016-10-15T09:32:43.695-07:001. Essência <div style="text-align: justify;">
Vivia pelo instante. Sonhava grande. Respirava pouco fundo. Assim era o organismo urbano e a vida adulta. Um caminho de colecionares arrependimentos. Do erro entre escolher sendo quem voce é ou escolher sendo quem voce acha que precisa ser. Ali estava eu numa rodovia, recostada no banco, a exata matéria-prima para tragédia. Meu rosto devia parecer sereno e leve, devotada as aparencias, a estética e a comedia romantica americana. Contudo com a imensa Vontade de estar em um daqueles aviões que a cada dez minutos sobrevoava os predios da Av. Paulista. Mas ninguem perceberia isso. Viam nada alem de meu corpo, meus traços meigos e a pessoa que eu aparentava ser. Nada alem do que os olhos pudessem ver. Seriam as pessoas tão ingenuas a pensar que todos são o que parecem ser? Fosse isso ou não, minha vida nada mais é do que um salto de trampolim na piscina da identidade. O verbo to be nunca deixou de ser materia de capa da revista da minha vida. Existe a cada edição centenas de assuntos, colunas e perspectivas ainda não desvendadas por mim mesma. Que a propaganda é a alma do negócio todos já sabem. Mas propaganda vende uma ideia, lembra? Assim como as modelos do escritório da revista em que trabalhava, majerrimas. Todas lindas. Uma mais linda que a outra. Começavam vendendo o trabalho, terminavam vendendo o corpo. Arduo seria se a sociedade tivesse que escolher vários padrões de beleza. Ficavam um ou dois meses pousando pra revista. E logo em seguida, quando os problemas dessas meninas começavam a serem revelados, iam sendo demitidas. Esse é o grande problema da propaganda, não é mesmo? Propagandas não foram feitas para o ser humano. Ser humano é muito mais do que um periodo simples. Tem virgulas, exclamações, entreaspas e reticências... Eu não queria mergulhar em um mundo de negocios. Negocios dos quais não se tem a escolha de mudar, uma vez que você assina todas suas clausulas. E eu quero mudar a forma, o espirito, a cor do mel de meus lábios... ser santa, ser puta, ser relax, ser intelectual, quero ser o que vier na cabeça. Do que vale uma essência fixa ou a alma vazia e uma vida de regras? Seria o núcleo da terra sua verdadeira alma? Se for, estaria ela condenada por milênios? O ar da rua era pouco úmido. O caminho para casa era sempre repleto de semáfaros. Respirei descansada. Estava segura ali dentro... quente e acariciada. Mas o que isso dizia sobre quem eu era?Enquanto eu alisava o vidro da porta de passageiro, um mendigo dormia de baixo de um alpendre sobre um papelão rasgado. Os mendigos pareciam colagem colocados ali. Não pertenciam aquele mundo. Deveriam ter sido recortados da praça da Sé. Pelo menos eles deveriam saber quem eles são, não? Causava-me angústia tal confusão. Eu não era vista por quem eu era, e quando era descrita como fosse, já não estaria sendo a mesma pessoa. Não que fosse minha maior ambição. Ser desvendada. Talvez embora eu tivesse tudo, queresse apenas um pouco de atenção.<br />
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<a name='more'></a><img src="webkit-fake-url://7e9d8b06-1892-46b8-b56c-61a05f9693c6/imagejpeg" />Alisson Preto Souzahttp://www.blogger.com/profile/01632247796489812373noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3496685058850920624.post-37496432195211631192016-06-26T23:57:00.004-07:002020-11-18T13:06:03.606-08:00Fio<div style="text-align: justify;"> Fios. Dentro de cada uma de nossas cabeças, embora não seja visível, existe um emaranhado de ideias, acervos de historias e despertares de emoções. Cordões. Ideias essas que em uma reação química em cadeia reagem sobre nossos sentimentos tornando-os mais ou menos intensos. </div>
<div style="text-align: justify;">
As ideias mais felizes trazem-nos a mesma sensação de que o tempo escorrega por nossos dedos, como a areia fina da praia de São Vicente, nos lembrando que tudo é passageiro, mesmo que permaneçam ate o fim das vidas, sejam elas ideias, sentimentos ou pessoas. Já as ideias mais tristes, as desimportantes, quando não são traumas e nem fraturas irremediáveis em nossos corações e corpos, possuem um prazo de validade. Elas se esmaecem como as cores de uma roupa que se desbota em um ano de uso ou dois. </div>
<div style="text-align: justify;">
Dentro de nossas cabeças, estão dois fios condutores invisíveis que nos levam de encontro ao outro - inevitavelmente como o ima magnético e seu painel de fotografias quando estão próximos, juntam-se em um abraço apertado, uma atração intrínseca da natureza de ambos - como se já tivéssemos nascidos ligados por esse fio, e ele nos levasse ao ponto em que tivesse havido nosso encontro. </div>
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Naquela noite, naquele céu, ao redor daqueles prédios, sentávamos, eu: imã, e você: painel de fotografia. Te pendurava frases, te comentava em notas de papel os meus sentimentos, e te fiz sorrir, te enchi de fotos, te misturei aos meus amores, meus amigos e minha família. Estava gelado aquele fim de tarde mas era o terraço e comíamos um picolé de chocolate. Era domingo e eu já te amara. Não havia mais outdoors pela cidade que não houvesse imaginado seu apelido escrito no lugar das marcas de roupa. E veio a rotina, o riso e a descoberta de uma outra forma de viver, mais limpa e aberta. Ate o dia em que percorri a rua em que andávamos subindo o morro, a mochila pesada e você me empurrando porque tinha dores nas costas. Mas não a vi escurecer... Te contei meus anseios e você como em um sopro deixou-se ser soprado, a cada poste que era soprado para longe, mais escura a rua íngreme ficava... distante... Eventualmente todos eles, sem exceção, apagaram-se, e já não era mais dia, e nem dia era mais dia sem você.</div>
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Meus olhos marejaram, mas não voltou. O fio sobre nossas cabeças já não estava lá também. Ainda que eu escutasse a colher de metal e o cheiro do seu café, você não voltou. Não era sua sala, nem cozinha, não era o jogo de cama, e você não voltou. Não era mais a rua, nem era mais o cheiro dos pães de queijo e nem seu abraço, não voltou.</div>
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Quando a noite do parque caiu sobre mim eu entendi que havia me Perdido. Talvez o sopro fosse apenas uma invenção de justificativas para registrar o seu desaparecimento. Era fria e verde escura.. Algumas estradas, arvores e um lago de aguas dançantes que já não dançavam mais. No parque sem placas, sem o fio, eu me perdi. Não havia a espera, nem a conversa, as bicicletas ou os triciclos, talvez rostos borrados, assim que ficam as pessoas desimportante depois de terem suas fotos editadas - talvez rostos tenham sempre sido borrões.</div>
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Apenas esse medo do Escorpião que eu tanto temia reencontrar pelo caminho. Racional, pragmático, estável, atemperado e imprevisível. Que se a vida Apertar-lhe os nos do sapato, seu ferrão inevitavelmente lhe ocorrera, e afogaram-se os dois num rio de uma margem que nunca será alcançada. A vida é... Mas lembrei de sua fala, da promessa e do carinho, e continuei a caminhar. Foi quando inesperadamente a estatua do menino e o porco encontrei, aquela que você tanto falava sobre, e eu nunca havia percebido. A afaguei como quem acaricia seu animal de estimação. Sentei na frente da estatua e a admirei - pois me trouxe você em um feixe de lembrança. </div>
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Das ideias surgiriam emoções e das emoções ressurgiria o fio que acendeu-se novamente, com muitas falhas e pouca luz. Mas ele surgiu... E isso bastava. Estava no ponto de me levantar e sorrir. E eu sabia que na outra extremidade do fio estaria você... E apenas isso me fez sentir melhor. O fio... </div>
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Alisson Preto Souzahttp://www.blogger.com/profile/01632247796489812373noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3496685058850920624.post-86659631701651330242016-05-02T19:41:00.001-07:002016-05-02T19:51:03.708-07:00Meu Diário de Bordo<br />
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Me sinto navegando em águas sombrias. No alto mar, profundo e horizontal, onde a única claridade é a luz densa da Lua sobre as linhas que desenham as ondas. As ondas são o som e o tom da noite por aqui jogadas ao meio de três continentes, preenchendo o vazio que é o espaço, o espaço que ocupa a vida. Portanto é esse meu diário de bordo.<br />
As ondas variam em sua intensidade. Despercebidas, por vezes, imprecisas e displicentes. Quando raro, porém, se ponha ao cálculo de um míssil submarino. O oceano, na contradição de sua aparente infinitude, me encontro criança no reflexo dessas águas, criança com os olhos de um velho tripulante. Me carregaste no colo para longe do silencio pois sabias que o barulho me acalmava, então assoviaste até meu sono chegar. Minhas mãos a procura da segurança não-merecida de um marujo experiente que talvez já havia sido um dia, em outras águas, em outras docas. Seriam tantas as dúvidas e faltas, que não havia certeza caso alguma coisa eu ja houvesse aprendido.<br />
Segurei firme minhas mãos na haste enquanto vi seu rosto naquela última rebentação. Me levaste correndo em teus braços quando pensaste que eu tinha partido. Senti suas lágrimas correrem por meu rosto. Inspirei com bravura como alguém que fosse pular em queda-livre dos céus e expirei a tensão... Uma coisa eu poderia dizer sobre minha embarcação. Ela era repleta de bons estivadores. Não importando a intensidade do balanço que houvesse em minha nau, meu barco mantinha-se equilibrado, embora com alguns rancores e ressentimentos que viessem a lacrimejar os olhos. <br />
Lia meu rosto, como as ciganas leem as palmas das mãos. Quem sabe eu pudesse dormir abraçado contigo sem regras ou razão, assim como a gravidade ou o movimento das ondas. Sempre continuei mastigando a mesma pastilha que trazia o amargo em mim, afinal resumia o que melhor poderia me definir. A inquietação da dúvida. A cólera da dúvida entre o mais desgostoso de mim e a honestidade desfibrilada daqueles movimentos enjoativos. A culpa por ter sido eu mesmo e o orgulho de nunca ter me tornado o outro. Como o dilema que me persegue como sombra de uma vida que nunca cessa de marejar. Nunca disse uma palavra ao vento naquela viagem. Talvez fosse a hora. A água já estava turva. Meus pés estavam frios, assim como a extremidade do nariz e dos dedos das mãos. <br />
Alguns rostos surgiram como reflexo enquanto eu mentalmente me despedia, percebia o féu como um manto coberto de estrelas cair sobre a água viva. E os céus começavam a garoar e as gotas escorregavam sobre meu pescoço. Talvez a corrente marítima ja houvesse desviado minha embarcação sentimental da rota predestinada; e já não houvesse motivo para procurar mais nada no breu da vida. Minha toalha de banho ainda tinha o cheiro de minha antiga casa. Via meus amores passados e meus arrependimentos brotavam conjuntamente. Um pessimista contemplava seu envelhecimento à deriva, pensei sobre mim mesmo. <br />
Percebi que movia-me na altitude da maré. Não havia cais nem outro navio. Portanto, haveria tempo livre sem qualquer desatraque. A hora aproximava-se. Subi em um dos mastros e amarrei uma parte da toalha. Ainda sim, eu tinha esperanças. Coloquei um pedaço da toalha envolvido em meu pescoço e fechei meus olhos para meu peito enquanto meu coração batia como um relógio de parede no silêncio extremo. Tinha esperanças de avistar um estaleiro, quem sabe um Estaleiro ao por-do-sol, e consertar, desintoxicar, reformar, todo e qualquer estrago que fiz ao meu coração. Talvez seja apenas um Diário de Bordo qualquer.</div>
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<br />Alisson Preto Souzahttp://www.blogger.com/profile/01632247796489812373noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3496685058850920624.post-19976197863271638812016-03-28T00:34:00.001-07:002016-04-07T00:32:20.959-07:00Hora do conto<div style="text-align: justify;">
Estava num quarto que era o sótão da casa delas. Coisa que eu vivia querendo esquecer. Ajudava a me acalmar, principalmente nas noites de calor. As de frio eram melhores. Pelo menos eu me encolhia envolvido no cobertor e não saia daquele universo em que eu sentia proteção. Mas era calor e eu esticado na cama, pouco mais de 1'30". O resto da cama era tão grande que parecia desnecessária. Uma cama bem antiga restaurada. Feita de madeira maciça com detalhes arqueados nas laterais. No quarto, alem das duas comodas ao lado da cama, havia uma mesa com espelho. Um quarto amadeirado e no estilo vintage. Havia um baú em um dos cantos do quarto e uma janela bem grande logo em frente a cama com uma cortina sobreposta. Uma rajada de vento soprou as cortinas que flutuaram criando uma sombra enorme e horrenda no chão. Tudo parece grande quando se é pequeno e não se reconhece o mundo em que se vive. Então o clarão não era somente uma visão do momento em que a cortina falhou cobrir o quarto de escuro. Nem a sombra era apenas uma sombra agora.<br />
Minha mãe costumava a contar algumas historias para que eu dormisse sem pesadelos. De reis, de vampiros, de sapos, de bruxa e de fadas. Ela não os ignoravam, todos eles existiam e eram seres extraordinários e desentendidos. Em meus sonhos eu os via as vezes. Muitas noites da minha infância foram estreladas por eles. Zezinho, andava no sol e dizia que sentia-se irritado pois era alérgico a ele, por isso evitava-o. Sem muitos amigos e por falta de socializar com seus amiguinhos, as outras crianças do bairro zombavam dele. Naninha trazia os melhores aromas, ela era um feixe de luz que voava sem mãe; o que dava muita forca para ela; pois ela não queria ver outras crianças tristes; e então enchia-se de forca e otimismo, transformava todas as coisas tristes em cores lindas, flores perfumadas, e paisagens ensolaradas eras os sonhos mais visuais que eu tinha. Tinha o Outro Rei, Pablo Rei e o Ricardo Rei sempre investindo na segurança dos sonhos, na riqueza dos sonhos e na felicidade dos sonhos, eles enchiam os sonhos de piadas, ironias e utopias; porem não era muita gente que os acreditava, alguns condenavam-os como loucos e eles sempre sofriam com isso mas nunca se abalavam com a oposição. Néscio era um homem pobre, feio e burro! Coitado...as meninas o desprezavam; os meninos o zombavam, e as mães não achavam que ele era boa companhia pros filhos! E ele sofria.. mas Nescio nunca replicava ofensas, pois ele era sábio! Ele usava algumas frase engraçadas às vezes. Trocava o lugar das palavras com um sorriso confiante. E não menos importante, sempre esquecia os rancores rápido demais! Era um ser BEM humano! E tinha a Valusca, a menina adotiva que vivia arrumando a casa de suas patroas, limpava e criava rimas, cantava e criava encanto em quem sua musica chegasse, quando não estava cuidando da casa cuidava dos jardins e das frutas; explorando receitas para chás maravilhosos que suas patroas nunca elogiavam mesmo que sempre amassem.<br />
Minha mãe toda noite aumentava minha rede de amigos. Ao contrario das outras crianças eu vivia para dormir! O jantar estava terminado mesmo que logo posto na mesa. Enquanto minha mãe lavaria as louças, eu escovaria os dentes. E ai veio a mudança. Eu e mamãe mudamos pro campo que na verdade é mais uma cidadela de casas simples e "tudo está pertinho uma coisa da outra". Um pequeno condado com tudo do básico que se precisa pra viver bem e os maiores argumentos de mamãe vinham logo após: um lugar que haveria segurança e bons amigos! E ai mamãe me disse que algumas mocas que moravam ao lado me cuidariam quando necessário. E ai vieram as Franzelas. Três eram elas. Meninas gêmeas perfeitas e a moça mais velha de dentes pequenos magrela. Um avental de dona de casa bordado com estampas de girassóis. Foi ai que minha vontade de deitar, como um gato preto do azar, saltou pra fora da janela...<br />
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Alisson Preto Souzahttp://www.blogger.com/profile/01632247796489812373noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3496685058850920624.post-62736960234159824832015-07-26T14:41:00.002-07:002015-07-26T15:18:39.314-07:00Saudade, vida e morte<div style="text-align: justify;">
Não sei se é o seu signo que me deixa assim. Talvez seja a fala mansa e o jeito de colocar as ideias de forma planejada. Ou seria apenas minha completa estranheza em você. Um oceano de diferenças talvez. Mas é sutil e não diz o que não mediu. Com certeza é algo que acontece que esta alem do imediato; do mergulho da emoção e do despertar do aconchego. Há um dia marcado por tudo o que o destina a buscar na calma a infortuna complacência que não habita em mim. No seu novo emprego, na mudança de casa, no casamento ou nas contradições dos desejos que não se convergem. Ou talvez no dia em que fossemos saltar de paraquedas. Algo que você sempre quis e desejou. É lógico... você não pularia de paraquedas sem checar se todos equipamentos funcionam bem. Eu? Eu estou flutuando como pena a 10 segundos do planador. Dividido entre a Queda e a Preocupação de não saber porque ainda não pulou. E você disse que pularia... Mesmo com a corrente de vento cortando meus lábios, meus olhos procurando você em minha esquerda e direita em tempo real: você ainda não pulou. Ergo minhas sobrancelhas em confusão. Giro meu corpo em direção ao planador que sumia no céu como um ponto preto, você não pulou. Não havia mãos ao meu redor. O vazio. Pensei que houvesse um motivo, mas meu sangue pulsava eu sabia que você não estava ali quando deveria estar. Assustei-me com sua ausência. Pensei que pudesse preocupar-me com os dois. A Queda e sua Ausência. Mas não aguentei, pois o sangue gritava, sufocante, como se me enforcasse com duas mãos. Momento esse que se eu pudessem libertar-me-ia de suas mãos, voaria para longe, acharia uma escada em um de meus bolsos e começaria a subir em direção ao planador. Não havia escadas. Nem mãos. Chorei frio. O vento assoviando em meus ouvidos ao rebater na roupa de salto como una lona em um dia ventoso, um assobio forte e alto, que me lembrava da Queda. Meu coração acelerou e meu estômago torceu, só que você não veio. Tremi uma das mãos enquanto agarrei uma das alavancas integradas ao paraquedas, e sem querer puxei. Meu corpo caia como pandorga enquanto o sol baixava de trás dos prédios ao oeste de São Paulo, por de trás de alguns concretos ele me abanou, mas não correspondi. Puxei a alavanca com força, pois acreditei. Por cima de meus medos. Passei por alguns mais horríveis do que outros. Mas por fim, não resisti. Foram primeiro meus pulmões aos poucos desritmados e depois de fechar os olhos... morri alguns segundos depois. Não sei se por causa de seu signo, mas algo me dizia que você não iria descer, o vento, os prédios, o sol... em algum momento. Pela queda não morri, mas por não carecer da verdade das cousas. Do planador que saltou sua ausência foi pois a causa de meu fim. A saudade que mata. A vida passa. A morte nos leva.<br />
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Alisson Preto Souzahttp://www.blogger.com/profile/01632247796489812373noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3496685058850920624.post-37995365626347803422015-06-27T18:12:00.001-07:002015-06-27T18:12:09.527-07:00Areia, Garrafa e Vidro<div style="text-align: justify;">
Temo ser esse mosaico fatal. Desmontado e indolor, mas em pedaços. Assim que sempre estive embora de quando em quando eu tente me enganar. Não entendo como a enganação é uma tentativa sempre presente, como o mar, o sol e as paredes. Sou partes afastadas, multi-partidas e não-recicláveis. Mas não fui sempre assim. Senti-me distinto quando basta o tocar das suas mãos, que sinto-me ascender a um infinito de estrelas; as estrelas que no céu repousam; mas onde também há centenas de lampadas coloridas: na curva do espaço, onde perco-me de mim mesmo e esqueço que a vida passa. Sou bem vidro, penso, depois de refletir por um tempo. Desmontado. Mas em pedaços. E causo dor. Pois corto, sou oco, mas afiado. Embora nunca tivesse pedido pra causa-la. Já estive cheio e satisfeito, novo em folha, assim que terminei minha adolescência; de tão concebível, havia ganhado de meu dono até uma embalagem; pessoas procuravam por mim, sabiam que podiam confiar em meu conteúdo. Fez risos, e embalou noites de amor; de danças; de amizades inseparáveis. Mas um dia as coisas mudam. É assim de repente e devagar, Até que um dia alguém deixou-me cair. Dentro de mim, só de lembrar aqueles poucos milésimos enquanto descia em direção ao piso, minha vida passou por um estado de decantação de esperanças. Entreguei-me as eventualidades e deixei-me estilhaçar em mais de 26 pedaços. Mas alguns dizem que fins são feitos para surgirem novos começos. Ironicamente a minha idade hoje em dia. Mas pra dizer a verdade, época boa que me lembro era a de quando fui areia. Areia de praia: a minha infância. Quando a dor não escorria sobre mim. Muito pelo contrario, pelas mãos, eu tracejava meu caminho para o chão da terra, e me unia ao infinito do solo dos incontaveis graos de areia e da minha imortalidade momentânea. Mas a consciência de minha felicidade nunca foi facilmente mantida. Tenho anos que preciso ver se tenho estado feliz e me pergunto como as pessoas sabem que estão sendo tão felizes que não poderia haver maneira de sentir-se melhor. Agora, não sou tão escorregadio, sou menos aspero, mais duro, e já não escorrego pelos dedos. Vivo quebrado, e alguma alma viva remonta-me de anos em anos. Porem, custa caro segurar-me por muito tempo, desviando dos automóveis; acordando-se cedo para o trabalho; uma hora ou outra por um descuido, se me apertar em suas mãos, você é que sangra; e eu apenas permaneço em choque intacto, como um cactos no deserto. Temo por ser esse mosaico fatal, que nem as luvas grossas de mim iriam escapar. Vivo gelado, em alguma sacola, preso numa enganação. Própria de mim mesmo. Da vida que prega peças. E das pessoas por quem um dia passa. De que nunca foi tão certo na vida que nunca serei uma simples areia, velejando pelo vento, em frente ao mar.</div>
Alisson Preto Souzahttp://www.blogger.com/profile/01632247796489812373noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3496685058850920624.post-35377554748802732712014-09-15T08:42:00.000-07:002014-09-15T09:34:22.391-07:00Macaco e os cachorros<div style="text-align: justify;">
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Apontar quando ele entrou em nossas vidas é difícil. Mas foi um desses que marcou completamente parte de nossa existência no tempo. E é incrível como esse tempo passou rápido olhando hoje para trás. Macaco era um cachorro esbelto, aventureiro, com ar de liberdade pulsando da ponta de sua cola fina à ponta das duas orelhas pontudas, de pêlos pretos e aparentemente penteados, focinho de pastor belga e olhos castanhos escuro-tristes. Era um super-herói vestido de cachorro. Transpirava uma mistura de valores. A obediência refinada com os instintos mais primitivos de caça. Se alguém que o conhecera ler esse texto, entenderá a profundidade da verossimilhança que estou tentando passar ao descrevê-lo. Minha intenção é ser fiel aos detalhes. Uma vez que nosso querido amigo, Macaco, optou, pela sua vida canina, ser fiel com nossa família; nossa casa e principalmente meu pai. Ninguém merece mais a palavra fieldade do que ele.</div>
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Havíamos na época acabado de perder um cachorro. A Leka ou talvez Leca. Acredito que era início de minha adolescência. A Leka era uma Fila misturada com alguma coisa e muita felicidade. Uma cachorra boba, que por conta de uma doença visceral acabou falecendo nos fundos de casa. A vida de todo mundo entristeceu-se desde sua morte. Era a segunda cachorra que até então havíamos tido. Uma tentativa de recomeçarmos a criação de um novo animal, que no momento de sua inabalável morte, parecia termos fracassados. Macaco foi o começo de um novo ciclo, embora, de fato, cada cachorro tenha sido especial na sua forma. Quando disse que ele optou ser fiel, definitivamente OPTOU é o verbo que mais define sua entrada na família. </div>
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Macaco morava na outra quadra e já tinha um lar. Um lar que pelo jeito estava desgostoso de fazer parte. Eles mantinham ele como um cachorro de dentro-de-casa. Até o dia que ele quebrou o vidro e veio parar aos cuidados do meu pai na minha casa. Essa perspectiva da história me falta. Não sei se Macaco havia o seguido ou surgido acidentalmente no patio da minha casa. Contudo terminou sendo alimentado e cuidado pelo meu pai, que trabalhava como uma espécie de zelador, entrando nas residencias ao redor de nossa casa e verificando se tudo estava em ordem, acendendo as luzes a noite e pela manhã apagando-as. Além disso, meu pai trabalhava como vigilante noturno em um construção na rua da praia de onde moramos, o Cassino. As noites de acordo com meu pai eram solitárias, frias e inacabáveis. Lembro que uma das vezes visitei ele na construção. Minha mãe havia feito algo para ele comer e resolveu levá-lo. O lugar se resumia a um conteiner, uma TV preto e branco de pouquinhas polegadas e uma cadeira de praia e um cachorro preto ao lado da cadeira. Depois de ter uma conversa com meu pai, o dono de Macaco concluiu depois que o cachorro voltou três vezes para nossa casa, que não entendia de fato o espírito rueiro dele. Era um cachorro livre. Ia pra fora de casa, as vezes desaparecia, ficávamos preocupados, e voltava. Em uma das vezes que ele desapareceu descobrimos que ele estava envolvido em uma arruaça canina por causa de uma cadela de rua. Macaco era territorial. Completamente fiel, obstinado, amigável, mas se tratava do sexo, ele desaparecia. Meu pai ficava divido entre o orgulho machista e a preocupação dos resultados da briga pela fêmea. Macaco intimidava os inimigos, mesmo eles sendo muitas vezes maiores que eles. Brigava com cachorros como se tivesse treinado seus movimentos. Já nos tempos vagos (por favor liguem o som com música clássica) ele caçava passarinhos no quintal. E de vez em quando aparecia abanando o rabo mostrando o que havia feito para meu pai que relhava com ele. Era uma mistura de "veio você não é um gato!" com "coitado do passarinho.". Ele andava por cima dos muros como se fosse um gato, tinha a habilidades de um gato. Certa vez ouvimos barulho no telhado de casa. Era ele. Como ele havia parado ali? Bom, quem morava ali sabia que a casa da esquina tinha uma escada que dava acesso a um terraço. E provavelmente Macaco teria subido ali, percorrido os telhados vizinhos até alcançar o nosso.<br />
Era simplesmente um gato, que era um cachorro, e que também tinha seu lado gente, pois, alem disso, ele se comunicava. Ele guinchava inquieto ao pedir por carinho, insistia nos guinchos caso não fosse atendido com atenção. A cola, o focinho e os guinchos expressavam a faceirice e o desapontamento muito claramente. Não havia duvida nas atitudes de Macaco. Era obstinado e objetivo. Adorava irrita-lo ao rodar a cola dele. Ele pirava, começava a caça-la como se não houvesse amanhã. Abraça-lo e levantá-lo no ar era pedir pra ele guinchar e se refestelar, ficava animado, e devolvia numa mordidinha sem dentes insana. Era basicamente a forma bruta de brincar, e depois ele saia de leve como se não tivesse a certeza de até onde foi na brincadeira. Era um cachorro sensível. Sentia o cheiro de comida de longe. Tinha um faro equivalente ao do <i>Wolverine</i>. Exclusivamente quando havia gambás nas árvores. Nos tempos vagos ficava parado na frente de casa, sentado e apoiado nas patas dianteiras, como aqueles gatos egípcios, olhando o movimento com um olhar calculista. O que lhe aderiu o semblante de <i>gentleman</i> e um ar de xamã da sabedoria quando lembramos dele. As vezes, parecia ele entender mais sobre a existência do que todas nossas visões de mundo somadas.<br />
No oposto do seu lado instintivo estavam seus olhos escuros-tristes. Macaco sentia muito. Era perceptível. Talvez esse olhar viesse com revelações que ele não conseguisse decodificar e por isso não se importasse em compartilhar conosco. Mas ele via coisas e entendia elas. Sempre que lembro dele é essa a imagem mais forte. Ele parecia entender mais do que todos nós. O que ou por quê, não sei. Mas o que ele sabia fazia ele agir tão paradoxalmente. Esse alto grau de adaptação, mudança, a opção de vida, do instinto a obstinação. Tudo era resultado do tamanho do tudo que ele sabia. Parecia ser meio triste. Especialmente no final da sua vida, em que fui mais ausente. Ele parecia prever o fim e também ter aceitado o mesmo, e de forma pacífica, um dia, ele optou por n<span style="font-family: inherit;">os poupar, e desapareceu. Hoje eu sonhei com gatos, e que morava na mesma casa da infância, e eu tinha medo que o Macaco os atacasse quando as crianças jogassem a bolinha de tênis ao brincar. Tinha medo que ele achasse que fosse pra ele, assim como os gatos e acabasse num conflito. E, de repente, o sonho tornou-se ele. </span><br />
<span style="font-family: inherit;"> Não sei se vocês conhecem a teoria dos gatos de Erwin Schrodinger, da física quântica, em que o gato no paiol vive e morre no experimento. </span><span style="background-color: white;"><span style="font-family: inherit;"><span style="line-height: 24px;">Isso porque, segundo a física quântica, se houvesse o mínimo de interferência, como uma fonte de luz utilizada para observar o fenômeno, as realidades paralelas do mundo subatômico entrariam em colapso e só veríamos uma delas. Ao meu entendimento, esse é o estado de Macaco, existem duas realidades paralelas, em uma delas ele está bem vivendo em algum lugar fofinho e quentinho. E na outra ele disse <i>bye-bye</i>. Prefiro assim pensar... sem interferir no paiol, deixando as possibilidades abertas para que ele OPTE. Assim foi, assim continuará sendo... livre. </span></span></span><span style="background-color: white; line-height: 24px;">Quem diz que cachorro vive/serve apenas para cuidar do quintal, não vê a alma do animal, Na verdade, condiciona-o a viver o que muitas vezes não é da sua essência. Alimentar não basta. Pro animal levar você (mas levar pra onde? pra onde houver vida), da mesma forma que você leva qualquer coisa que ama, o minimo é amar e viver o animal. É claro que isso não está no manual de 'como cuidar do seu cachorro'. O que eu posso dizer é que valeu muito a pena... meus sonhos estão repletos deles agora, ficam voando sem asas atrás dos medos que percorrem a imaginação do subconsciente; meio anjos, meio guarda-costas, ladrando e afugentando-os; até a hora de minha morte, e isso é reconfortante.</span><br />
<span style="background-color: white; line-height: 24px;"><br /></span>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxTJoG79aC4DebvNpQxI9dK7ZG7-Xumckagy9gB5c0H2Z2HdEf2r2kitblSuDsVlvgbP5gFOXWQ8bpcmK6R0aq3TOOCk0OCb6aX4xpW32Ld6f20ZjeSRP5CRFxnoTFgRyq5d-WtvstvVHP/s1600/SDC134913+(2).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxTJoG79aC4DebvNpQxI9dK7ZG7-Xumckagy9gB5c0H2Z2HdEf2r2kitblSuDsVlvgbP5gFOXWQ8bpcmK6R0aq3TOOCk0OCb6aX4xpW32Ld6f20ZjeSRP5CRFxnoTFgRyq5d-WtvstvVHP/s1600/SDC134913+(2).jpg" height="356" width="400" /></a></div>
<span style="background-color: white; line-height: 24px;"><br /></span>
<span style="background-color: white; line-height: 24px;"></span></div>
Alisson Preto Souzahttp://www.blogger.com/profile/01632247796489812373noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3496685058850920624.post-77989297004088105772014-09-02T08:50:00.003-07:002014-09-05T23:28:56.758-07:00Paredes de dentro<div style="text-align: justify;">
Eram onze e cinquenta. Não havia nada que salvasse o dia. Muito menos algum super herói americano. Havia lá fora a realidade, as cidades e as pessoas. Realidade desanimadora para quem passaria o dia afogado em um mundo interior de sentidos caóticos. Estava coberto de sangue o céu, hoje, avermelhado. Não sei se era ainda o gosto do remédio, mas o gosto do dia - nem sabia se era dia - estava amargo. Escondia-se por trás das nuvens determinada nostalgia. Não dormia por noites e mesmo depois de algum sedativos, resistia ao sono. Quando finalmente transmudava-se com olhos abertos para o universo dos sonhos, ainda assim era vermelho o céu que seus olhos viam. Em sua mente esse relógio que trabalhava de maneira própria e não-linear era igual a um tocador de música no modo aleatório: seu tempo escolhia a próxima hora. Ás vezes sugeria que não houvesse uma. Mesmo que um relógio de parede estivesse dependurado sobre a porta em frente a sua cama, alguma parte de seu ser intervia de maneira extremamente lógica inferindo que aquele objeto fosse apenas um brinquedo. Algumas memórias quebradas da infância justificavam a lógica. Ganhou no seu quinto aniversário, ou no quarto, sem precisão exata, um relógio em formato cúbico que se desdobrava e alterava suas cores como um quebra cabeça. Seus ponteiros afiados apontavam para elementos numéricos. Ali. Aquele homem. Cansado de lutar a procura de onde estava naquele espaço e tempo, guardava suas energias para o momento em que esperaria o tempo que fosse necessário; para quando algo ali dentro daquelas paredes acontecesse. Mesmo que esse tempo não fosse chegar ou que o acontecimento não pudesse ser findado, ele tinha esperança. A esperança era esta forca que tornara-se o último fio de sanidade que ele podia recorrer à. Quando olhava para o passado, já não lembrava-se da dor, apenas da pura felicidade. Quando olhava para o futuro via o reencontro dessas formas - sejam lá quais formas - mergulhando uma na outra, como cavalos marinhos no fundo do oceano: leves e despreocupados. Não haveria medo, nem predileções, nem futuro ou passado. Só haveria eles. Descobertos de historia. De tradições e princípios. Vivendo a imensidão do que são e sentem. Sentiu alguma coisa perfurar sua pele. Mas era comum sentir de vez em quando esses ferrões em alguma parte de seu corpo. Já havia se acostumado. Era quase parte do mecanismo de seu organismo. Outro dia ouviu alguém balbuciar alguma coisa em seu ouvido. Era um zunido agonizante. No final daquela noite - que talvez não fosse noite - lembrou-se daquele som e sentiu o cheiro dos cabelos da sua mãe, sentiu algo molhado escorrer pela bochecha, chorou algo talvez, e um aperto diferente do ferrão em uma parte do cérebro, e então, num átimo, voltou ao vazio. Sentia muito raramente essas sensações únicas. Como se alguma alma tentasse de milhões de galáxias de distância contato. Contudo, tudo era uma reação de um dos sinais que seu corpo transmitia. Não havia um caminho para percorrer. Sentia-se como um feto em formação envolto a placenta. Encolhido num mar escuro e liquido do espaço. Vagando num tempo escuro e incontável. Feito de paredes viscosas e algumas memórias. Em outro evento seu corpo cogitou a dizer-lhe mais alguma coisa. Foi um momento eletrizante quando em uma de suas tardes de Setembro sonhou. Sonhou que sonhava que dividia o quarto com um bebê que falava. O bebê estava sobre a cama ao lado dentro de uma pequena redoma de vidro. O bebê contou-lhe a historia de um homem que dormia um sono profundo. Com um dos seus dedinhos apontou o ponteiro imóvel do relógio. Era como se o bebê tivesse toda percepção invejável de se ter. Seus olhos perspicazes viam luz. Seus ouvidos atentos provavelmente ouviam o som do bater asas dos pássaros e o latido dos cães em algum lugar distante do prédio. Suas mãos tocavam a redoma. Alem de tudo isso, ele era capaz de comunicar-se através dos gestos, do sorriso, do levantar de sobrancelha. Que terrível inveja cresceu da boca do estômago a pressão dos nervos da cabeça neste homem. Uma dor incontrolável o submetia a sufocar a imagem daquela criança saudável com parte de toda sua força restante. Pensou com tanta forca que fez seu sonho tornar-se em escuro. Sua mãe lhe trouxera flores. Uma única rosa branca na verdade. Ela colocou-a dentro de um jarro azul de plástico sobre uma mesa simples quadrada ao lado a porta. Tirou-a de uma colina ao lado da fazenda de seus pais. Costumavam ir todo verão. Havia um riacho. Um curral. E uma colina. No riacho, as crianças banhavam-se enquanto os adultos falavam sobre o futuro. No curral, as crianças apelidavam os animais e amamentavam os porquinhos. Na colina, as crianças colecionavam rosas brancas para levar pra casa. Embora não viesse aos seus sentidos, algo lhe dizia que ainda restava o que sentir. Seu impulso de vida era maior do que qualquer outra força. Seu pai colocara um quadro na parede ao lado da cabeceira de sua cama. Nesse quadro havia as fotos de alguns amigos. Da cachorrinha que dormia em seu quarto ainda filhote de nome Zora. Bilhetes. Mensagens de esperança. E um recorte de jornal sobre um acidente de carro. Numa fatídica manhã de uma primavera, acordou invernal. Sentiu uma suave sensação humana pela primeira vez depois do acidente. Era como se a palma da mão de alguém escorregasse por sua pele. Uma sensação de afogamento, e um suspiro lhe passava cortando o pescoço. A imagem aterradora do esquecimento lhe foi por um instante um pavor eterno. Até o volúpico abraço de saudade. Alguém que apenas sabia que sentia falta. Lembrou-se do sonho do bebê novamente, e de como havia esquecido da parte em que seus pais o retiravam daquele universo de vidro enquanto ele ria e grunhia sons estranhos de felicidade. Sentiu seu coração pulsar como um lampejo no entardecer: um batimento cardíaco como um flash solitário e intenso na treva. Seu pai nunca apareceria para apanha-lo daquela maca. Exceto se revestido em penas. Ele havia se ido. Se voltasse, talvez viesse como um anjo ferido pelo acidente de carro que o levara cedo demais. Seu padrasto provavelmente estaria viajando a negócios. A sensação das mãos deslizando pelo braço aumentava. Pareceu segundos todos aqueles meses, até sentir a consciência emergir. Pensou ser um anjo torcer-se em desespero no teto do quarto branco, mas as chances e de que eram mosquitos. Não os distinguia bem. Mas existia uma claridade. Houve um barulho da porta encerrando o burburinho. E as maquinas trabalhavam. Não havia algo além da profundidade dos sons dos equipamentos médicos ressoando em seus ouvidos. Estavam na janela. Seus pais, seu tio, sua irmã. Sua cachorra gorda já envelhecida. Estavam do lado de fora do quarto. Observando. Sentou-se na cama. E observou as paredes de dentro. Da janela via as nuvens do que parecia ser o vigésimo andar, e o mundo ali, do lado de fora... ainda existindo acima das cidades e pessoas. Ele notou a presença daquele homem, mas não trocou muitas palavras. Afinal, não era preciso. Tudo já havia sido dito.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Senti saudades das panquecas. Sentiu muita dor?</div>
<div style="text-align: justify;">
- Você sentiu?</div>
<div style="text-align: justify;">
- Acho que eles sentirão mais. Foi tudo tão rápido, embora tenha parecido...<br />
- Precisamos descansar.<br />
- Sinto a mesma coisa.<br />
- Sentimos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Os dois subiram na cama e cobriram-se com um abraço reciproco.</div>
<div style="text-align: justify;">
Os médicos saíram da sala com a noticia. "Dormiu." E dentro da sala o relógio tocou o meio-dia.<br />
<br /></div>
Alisson Preto Souzahttp://www.blogger.com/profile/01632247796489812373noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3496685058850920624.post-52073467495168100552014-04-30T12:50:00.002-07:002014-04-30T13:18:32.797-07:00***Ocaso em Jacarezinho<br />
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Vivia uma vida mais ou menos. Um repúdio leve a todos acontecimentos mornos e acefalados sobretudo com todos e tudo o que lidava. Havia me mudado alguns anos. À trabalho. Num bairro classe média-baixa, de nome Onofre, nas redondezas do centro de Jacaré. Tive um pesadelo com meu chefe,Vilmar. Fogo. Ele descobria que eu era homossexual e me demitia. Mas ele não me demitia porque eu era homossexual, mas porque eu tinha visto ele com outra mulher que não era a esposa dele. Ele estava com medo que eu contasse para os outros. Que estupidez, pensei, assim que acordei. Acontece que nem sei se Vilmar é casado ou tem esposas. Sou legitimamente invisível na vida das pessoas de onde trabalho, o escritório de advocacia da cidade, no prédio mais alto do centro de Jacarezinho, lugar onde não existe prédios altos. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Aonde estaria minha mãe agora? Um simples devaneio. Casa. Eu nem estava lá, mas tirei uma de minhas pernas pra fora da cama. Senti um cheiro de fumaça. Ignorei o fato. Eu nunca tive uma, mas encharcado de sonolência, lentamente encaixei meus pés na pantufa. Caminhei para cozinha. Um pé atrás do outro. A visão hospitalar da cozinha, me causava ânsia. Era como se as paredes gritassem reclamando interruptamente "tirem essa camada de nada da minha superfície". Superei a reclamação quando meus ouvidos encontraram um eco irritante. Ah, o eco do movimento do braço dos segundos do relógio na parede de tinta branca que me insinuava coisas queimando minha paciência. Ironicamente já fazia alguns meses que deixei de me importar, embora eu esteja mentindo... Admito. A vontade de quebrá-lo em pedaços é imensa. Em alguns bilhões de pedaços. Isso sim, isso me faria feliz. Quem sabe em seguida pintar um quadro escuro e colar suas partes. Sempre quis uma pintura retratando a noite em minha sala ideal. O único amigo que fiz no trabalho disse que isso é índice de tratamento psiquiátrico. Outra noite convidei ele para jantar comigo. Rubens. Ele veio. Teceu milhões de comentários do tipo "que apartamento lindo você tem", "adorei sua sala", "seu quarto é bem espaçoso", "que cozinha limpa e impecável". Viado. Foi o que pensei. Transamos. Fingimos que nada aconteceu. <br />
Não abri direito os olhos, o caminho para cozinha aconteceu no tato naquela manhã de Abril. Ainda assim, avistei a marca do suor da minha mão na porta da geladeira. Na pia, os restos de comida e potes não lavados; cheiro a esgoto ( e talvez alguns fungos); panelas engorduradas, copos de vidro e copos de plástico todos uns sobre os outros. Envergonhei-me pela cozinha que não era minha. Aquela garota do escritório, de nome Liana, não estava me vendo. Ela era interessante, mas não mais. Talvez tivesse tudo para ser, mas acabou não sendo. Olhei para ela certa vez e a disse. Não me importo se você precisa procurar o seu Ex, não me interessa que você procura alguém, também não me apetece saber como você foi tratada pela mulher da recepção do seu prédio. Resumindo a disse que não tenho interesse na vida. Me chamou de grosso e disse que eu deveria ser amigo dela. Eram oito horas e meu coração disparou, eu estava atrasado das minhas obrigações, uma delas é confrontar-me com Liana. Um feixe de consciência afundou como um baú pesado num mar dentro de mim. Responsabilidades. Senti uma ardência em meu pescoço. De qualquer forma, era o que eles chamavam. Algumas que não eram minhas. Qual era meu nome mesmo? Atravessei o corredor desviando dos sacos de lixos para serem jogados fora, e pensei, como deixei eles serem formados no corredor da minha casa? Duvidoso, entrei no banho enquanto me despia de todas verdades, todos os gostos e sabores, um pouco dos meus sonhos, a maioria dos princípios... escorriam e deslizavam, drenados pelo ralo. O cactus havia morrido. Enquanto todas coisas outras, aquelas que absorvem o néctar da alma viviam. Eles mataram o cactus. Vilmar, Rubens, Lidia.. Eles me afastaram do cactus. Do verde, ele azulou. Depois tomou uma cor amarelada. Foi como uma faca pelas costas. Não ajudei quem nunca me julgou ou hesitou em silenciar-se. Sempre forte, dividindo o espaço com meu amor fraternal. Deixei-o para morrer, observando meus passos dentro da casa. Ele não era daqui assim como eu, o clima e a cidade também o matou. Assim como estava me matando. <br />
Apanhei uma toalha e vesti-me. Segurei alguns livros, coloquei-os no banco de trás e verifiquei minha aparência no espelho retrovisor. Mas não lembro direito o que vi. Liguei o carro e estacionei como de costume. Levei algum tempo caminhando para o prédio. O elevador pareceu levar uma hora inteira. Havia um chiclete no bolso da calça. Masquei para passar o tempo, pois o transito parecia mais rápido que o elevador naquele dia. Minha barriga parecia que girava. Me perguntei por quê de tanta ansiedade? Sentia como se algum tipo de reação orgânica acontece dentro de meu estômago. Além de um aperto no peito, como de quem perde um ente querido. Pensei no café que sempre me esperava, toda manhã, quentinho, do lado da porta do elevador. <br />
Escutei o sinal e o movimento das engrenagens do elevador preparando-se para abrir. Ao sair encontrei todos eles ao lado do café em um círculo estranho. Não consegui atravessa-lo eles estavam muito grudados como se estivessem de mãos dadas. Cena patética. Tive que contornar a cabine do Rubens. De costume sua mesa estava devidamente organizada. Sua xícara de café estava sobre o jornal do dia. Em letras maiúsculas a manchete era TRAGÉDIA EM RUA ONOFRE. Apressei-me para o café em passos rápido. E ao alcançar o balcão, meus olhos presenciaram uma cerimônia de adeus. Uma figura estranha em uma foto 15x16, fotos impressas com a família, o ex-namorado, algumas risadas. O que era aquilo? Havia uma foto de Lidia, Vilmar e Rubens bebendo juntos comigo. Meu pai e meus avôs. As flores decoravam o chão. Ajoelhei-me e segurei uma das cartas escritas por Vilmar, Lidia e Rubens "ao mais competente e intenso funcionário que existe.", "ao meu melhor amigo nas horas vagas, nas boas e ruins", "para o meu irmão, e a unica pessoa que um dia pode me ver como ninguem nunca poderá". Meu peito apertou, assim como a saudade que sentia deles. Aonde estava minha mãe? As fotos eram minhas. Eu havia morrido num incêndio e tudo havia queimado. Um sentimento ardente de vazio invadiu meu peito... nunca mais teria meus amigos de volta. A vida... Meus pais... como eles estavam? Eu fui invadido com um medo de uma dor, a qual não era minha, assim como me senti por toda vida. Levantei-me cambaleando até minha cabine em um desespero silêncioso. <br />
Meu <i>facebook</i> estava cheio de recados, amigos, ex-colegas, família, conhecidos.. "Meu filho, nós te amaremos pra sempre", "nunca será esquecido", "que a dor nunca volte". Do lado, do organizador de lápis havia uma poema<i> Shakesperiano</i> que encerraria minha dor para sempre: "<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;"> </span><strong style="color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">F</strong><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">arto de tudo, clamo a paz da morte/ </span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">Ao ver quem de valor penar em vida/ </span><span style="color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">E os mais inúteis com riqueza e sorte/ </span><span style="color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">E a fé mais pura triste ao ser traída/ </span><span style="color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">E altas honras a quem vale nada / </span><span style="color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">E a virtude virginal prostituída /</span><span style="color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">E a plena perfeição caluniada/ </span><span style="color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">E a força, vacilante, enfraquecida /</span><span style="color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;"> </span><span style="color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">E o déspota calar a voz da arte / </span><span style="color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">E o néscio, feito um sábio, decidindo / </span><span style="color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">E o todo, simples, tido como parte /</span><span style="color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">E o bom a mau patrão servindo/ </span><span style="color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">Farto de tudo, penso, parto sem dor / </span><span style="color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">Mas, ao partir, deixo só o meu amor".</span><br />
<h3>
<span style="color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;"> </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><span style="color: #333333; line-height: 20px;"> </span><span style="color: #333333; line-height: 20px;"> ***</span><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 25.600000381469727px; text-align: start;">No sentido figurado, <i>ocaso</i> significa fase de decadência ou fim. Define o período que antecede o fim de um acontecimento, a queda de algo. É também sinônimo de ruína ou morte.</span></span></h3>
<span style="color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgl7YHIWZQEUkXiX_LAvnIqE_oSUk-ssvHzBMGXWafZ9g_jqJfuwtN0-hhTVYem2qvJhn68_lR94HDTT3TayI5DHYZJEHvTcfHV4R6Eb9myDVoS3vDOFH6GHHEzYFk-xgLvha5gvSRAhMeu/s1600/incendio-casa-geisel-malajr.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgl7YHIWZQEUkXiX_LAvnIqE_oSUk-ssvHzBMGXWafZ9g_jqJfuwtN0-hhTVYem2qvJhn68_lR94HDTT3TayI5DHYZJEHvTcfHV4R6Eb9myDVoS3vDOFH6GHHEzYFk-xgLvha5gvSRAhMeu/s1600/incendio-casa-geisel-malajr.JPG" height="266" width="400" /></a></span></div>
<span style="color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
</span></div>
Alisson Preto Souzahttp://www.blogger.com/profile/01632247796489812373noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3496685058850920624.post-11553999435675553732014-03-18T07:43:00.000-07:002014-03-18T09:02:34.073-07:00Significando Nada<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Somos organismos, o resto é história. A história que recheamos de significado. O significado... havia algum espalhado por entre os segundos; os minutos das horas; dos dias que deslizam pela memória; das semanas que sentimos passar de pressa; dos anos que vivemos em nostalgia; das décadas que descreve a silhueta da vida que tivemos. Por muito tempo havia pensado que houvesse; Signficantes, e não só meros personagens de uma peça; de um Significado significado pelo mundo que já fora oceano e um único continente. </div>
<div style="text-align: justify;">
Contive-me no momento que antecede meus julgamentos, atribuição de culpas a quem penso que sou. Perdi-me a medida em que adentrei o triângulo das bermudas de meus pensamentos nevoados pela dúvida. Senti-me perdido a metalinguagem da metáfora, que é só outro sentido para o que as palavras querem dizer. Que complexo de inferioridade tremendo usá-la, se é de humanidade que quero falar, com múltipla ambiguidade nos significados despojados de pretensão. </div>
<div style="text-align: justify;">
Apesar de não parecer ter perdido o compasso alocado no córtex pre-frontal do meu cérebro por tempo indeterminado - aquele capaz de discernir o que seria moralmente possível e socialmente apropriado - esqueci-me de todos os planos a longa data; e a vida que esperaria dali para frente já era uma incógnita. É tão errado viver em um cronograma fixo; preferimos usa-lo, o sentido, significá-lo, concebendo que faremos diferente o processo de significação; concebemos que todas coisas que denominaremos e conduziremos seriam inéditas; enchemos nosso coração de esperança; todas as coisas que poderiam ilimitadamente criar; um oceano infindável de possibilidades. E, por isso, migramos para a ficção de nossas histórias, de nossas literalidades; remamos contra a corrente em uma tormenta intransponível a fim de descobrir-nos em um mundo pouco mais "nosso"; um pouco mais "Eu"; atribuindo aos poucos sentido ao sentido, deslizando e esquivando-se das certezas absolutas, das inverdades sociais, das normas pré-concebidas. No final do caminhos, nos deparamos em uma cabana. É nessa cabana que acabamos por nos reinventar, criando um sistema de significados<i> interno (</i>o que nos torna<i> Homo Fictus, seres ficcionais), </i>e assim perdemo-nos em um universo do Eu; em que as palavras lembram o rosto do Eu; o olhar penetrador revela-se unicamente parte do Eu; o cheiro interpenetra os caminhos percorridos pelo Eu; o tato possui suas próprias terminologias; enquanto, do outro lado da floresta, como orvalho no início do dia, o exterior/externo se desfaz.<br />
A culpa de ter significado, inventado um sistema interno, e feito dele um modo de ver as coisas, que é compreendido por somente você; nunca será sentido da mesma forma e nem compartilhado. Você se apaixona pela sua obra, pelo todo, construído através dos detalhes. Cria laços, vontades, retoma aos conceitos que são mais proeminentes e indestrutíveis em você, assomado a uma lista de ingredientes, inventando, dessa forma uma vida fictícia, frágil e delicada, porem a que você fez parecer seu lar, e a que você se torna dependente.</div>
<div style="text-align: justify;">
O significado das coisas é um passa-tempo para a transformação orgânica da vida externa de quem "Estamos". Entretenimento, distanciamento da verdade; que não estão nelas, nem mesmo no que elas produzem. - Verdade? Mentira! - Apontamento de ideias, razões, intenções - tão vazias todas elas - algumas vazias. - Algumas? - tão vazias quanto um colchão de ar que caso você tira o pino, e em um átimo, todo seu conteúdo é absorvido pelo mundo de fora; o sistema de significados externo, o que faz de nós <i>Homo Sapiens</i>; o lado oposto da ficção que tanto sonhamos e pensamos construir por muitos e muitos anos de nossas vidas; anos que passam enquanto estamos de olhos atados; presos em seu Casino, onde horas, dias e anos passam sem ao menos você perceber; Aos olhos atentos... aos analistas da própria vida: a triste realidade, o esfacelamento e o azulamento das cores quentes; o mundo óbvio, dos encaixes métrico; do tempo cronometrado; da vida literal, a qual é dispensável, sem virgulas, cíclica, destemida, e somente, orgânica.<br />
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
"Life's but a walking shadow</div>
<div style="text-align: right;">
a poor player, that struts and frets his hout upon the stage,</div>
<div style="text-align: right;">
and then is heard no more: a tale told by an idiot, full of sound and fury</div>
<div style="text-align: right;">
signifying: nothing"</div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGsdANcyvUEXcydel1B_MEYTx03JBgxgfdm8RacfuCzPUzFJ5hxCo79eqR3j-WKRjg7Wvg9qFWKqj68s0PSRfnn3u59PhKKc0JJOG6S37v7N7HwFvzAavHpo7u3mVvX332_sP1I_gNWOin/s1600/92831816.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGsdANcyvUEXcydel1B_MEYTx03JBgxgfdm8RacfuCzPUzFJ5hxCo79eqR3j-WKRjg7Wvg9qFWKqj68s0PSRfnn3u59PhKKc0JJOG6S37v7N7HwFvzAavHpo7u3mVvX332_sP1I_gNWOin/s1600/92831816.jpg" height="312" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: right;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGsdANcyvUEXcydel1B_MEYTx03JBgxgfdm8RacfuCzPUzFJ5hxCo79eqR3j-WKRjg7Wvg9qFWKqj68s0PSRfnn3u59PhKKc0JJOG6S37v7N7HwFvzAavHpo7u3mVvX332_sP1I_gNWOin/s1600/92831816.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><br /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGsdANcyvUEXcydel1B_MEYTx03JBgxgfdm8RacfuCzPUzFJ5hxCo79eqR3j-WKRjg7Wvg9qFWKqj68s0PSRfnn3u59PhKKc0JJOG6S37v7N7HwFvzAavHpo7u3mVvX332_sP1I_gNWOin/s1600/92831816.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><br /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGsdANcyvUEXcydel1B_MEYTx03JBgxgfdm8RacfuCzPUzFJ5hxCo79eqR3j-WKRjg7Wvg9qFWKqj68s0PSRfnn3u59PhKKc0JJOG6S37v7N7HwFvzAavHpo7u3mVvX332_sP1I_gNWOin/s1600/92831816.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><br /></a></div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: right;">
<b>Shakespeare -Macbeth</b></div>
<br /></div>
Alisson Preto Souzahttp://www.blogger.com/profile/01632247796489812373noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3496685058850920624.post-42089309337459191102014-03-06T23:46:00.002-08:002014-03-06T23:54:02.849-08:00Nothing interesting though<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b> </b></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b> Inquiry </b></span><br />
<br />
If the days pass without a warn<br />
Let me notified<br />
How long it will take<br />
<br />
If the winter comes<br />
Let me shiver<br />
How long I will bare this cold<br />
<br />
If the pain is all I have<br />
Let me feel it<br />
How painful may it go?<br />
<br />
If your presence brings absence<br />
Let me see it<br />
How long will it take?<br />
<br />
If my reason decides to move<br />
Let me trust none<br />
In love I doubt nothing<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace; font-size: large; font-weight: bold;"> </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-weight: bold;"> </span><b> Making Business</b></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">--</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">There's a building over there.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Some say it's fast</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">There's a building and a sign.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">It says it's cheap</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">There's a particular ordinary manly voice out from the box in the drive-thru.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">---</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> The voice: What's your order?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> I answered: a portion of laughing and peace of mind</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> -We're out of Happiness, sir Do you want something similar?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> All orders today offer Question marks as dressing, sir</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> We aint got neither happiness, pleasure nor peace of mind.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> -Nothing close to satisfaction?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> -That would come to a million carvins</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> -What's carvins?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> -A non-existing currency, sir.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> -Would you like taking today's specialty for broken-hearted's</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> -I wanna stay with nuggets of regret</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> -Sir, you can't have the Regrets either, for having a regret, you must have been through this bad experience before</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> -What exactly do you work with?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> -We work with our amusement, sir. The most fittable choice for you, as I can see on the menu, wait a minute. You can have a 15-minute tragic and innapropriate sex experience.. for only..</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> -Bring me some memories...</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> -4 pounds and 30 pences each.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> -Get me a dozen...</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> -That's a good order sir, thank you for appreciating your self-disgrace</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">and have a nice and bitter snack..</span>Alisson Preto Souzahttp://www.blogger.com/profile/01632247796489812373noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3496685058850920624.post-31366462358236946982014-02-27T14:02:00.000-08:002014-02-27T14:16:41.594-08:00No alto do bojo<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Lucida Fax","serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-spacerun: yes;"> É</span>ramos dois até então, mas somos um.
Olhei o espelho que não estava mais no quarto. Ele parecia cheio de
sentimentos, afogado em emoções opacas, as quais nunca acreditei, embora
quisesse. Livrei-me dos afagos, abri a gaveta, dobrei-os ao meio, como se faz
com camisas importadas. Em seguida, repousei-os com cuidado, para que não os
acordassem. Eles haviam dormido por muito tempo. Nem lembro quanto tempo. Espanei
o armário da sala para ocupar meus neurônios - não funcionará com as janelas
fechadas, pensei, então as abri. Ouvi falar sobre as límpidas margens dos
oceanos através de um pássaro que repousara no fio. Ele piava a um braço de
distância da janela aberta. Piava alto, no alto do poste. Era o quarto andar
onde talvez eu estivesse. Imaginei as crianças e o tempo passar rápido, toda
vida que pudera transcorrer e a dor de como se elas um dia tivessem de fato
ocorrido. Sem ouvir os sinais, a água batia nos rochedos às margens do oceano.
Era calmo demais dentro de mim. Havia resto de pelos pelo sofá. Livrei-me
batendo neles com o travesseiro. Os pelos, por consequência, flutuavam através
dos primeiros raios de sol. Fazia sol, atrás das nuvens, atrás dos prédios.
Sentei-me na sacada e apanhei meu instrumento. Algumas notas disparadas,
afugentando o pássaro e suas histórias mal contadas sobre um dia num oceano,
que parecia mais um rio, com risos e crianças de um dia que nunca havia
acontecido. Pensei sobre o seu rosto. Sobre a vida que nos foi oferecida por
nós mesmos. Não disse nada, apenas algumas notas disparadas. Senti-o dentro de
mim, no quarto, no vazio do livro, no livreiro empoeirado. Li seu amor de
desdenho, e minhas cordas a disparar. Deveria ser difícil, afinal, talvez o amor
uma vez que entre - convidado ou não convidado -, seja como uma aresta danificada
de um navio de turismo, uma viagem que o destino final é o alcance do fundo do
oceano. Se você já foi, deve ter fotos para lembrá-lo(a) da amargura do seu
vazio. Deixei-me ir pela correnteza... enquanto deitei-me no azulejo da sala,
fitei o abajur. Nada parecia tão convincente quanto a ausência do bojo. Vamos
nos torturando, nos machucando, aos poucos, pra quê? </span><br />
<span style="font-family: Lucida Fax;"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjST_6FWWZdbpgCgDYBWTpZ3zQlG-oNAIKOAacyXI_BE6WLGsLL4r2Wpp8mp5UBfsfxQc-MLvK3jmxMZAT2O4Orr6oal8EIb8e0SolAqAxv0po4T0z4vNotEX7FZguyN0mDb9U7SqXsJU9n/s1600/gajba.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjST_6FWWZdbpgCgDYBWTpZ3zQlG-oNAIKOAacyXI_BE6WLGsLL4r2Wpp8mp5UBfsfxQc-MLvK3jmxMZAT2O4Orr6oal8EIb8e0SolAqAxv0po4T0z4vNotEX7FZguyN0mDb9U7SqXsJU9n/s1600/gajba.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
</div>
Alisson Preto Souzahttp://www.blogger.com/profile/01632247796489812373noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3496685058850920624.post-53509123707167066852014-02-05T23:25:00.000-08:002014-02-05T23:45:09.802-08:00The Last Days on Earth<div style="text-align: justify;">
<b> <span style="font-size: large;">Code RED</span></b><br />
<br />
I thought I'd see them getting out of that room. They were supposed to be the chosen ones. They were 50 or so. Fifty people who sought to understand why they were put to proof once more. Another exam for testing their skills? They had lost their relatives by choosing to try and they could escape from the "Day of Fire". That's what we've all thought so far. </div>
<div style="text-align: justify;">
The prince, the right hand of the elected president and ruler of the spaceships, entered in the control room. There was a big glass window separating us from them. I crossed my arms waiting for an answer, wondering there was something wrong, in my deepest and most obscure thoughts. He stared at me.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Why in madness you keep stalking me? - he asked with what sounded like a threatening voice. </div>
<div style="text-align: justify;">
And I replied, carefully, wondering If I sounded intrusive to his commands. </div>
<div style="text-align: justify;">
- I came, Thesus, in order to understand the procedures: uncles's order.</div>
<div style="text-align: justify;">
He didn't question my answer and probably thought the prince had told me his plans before taking any actions. He turned to the guards and command them to activate Code Red. </div>
<div style="text-align: justify;">
Code Red took me to a place in my memory. I looked back on when people from my dad's company used to train the Fire Drills. If I were not mistaken, they would burn them. They would burn like their relative burned on Earth. Why was that happening? Was that some kind of joke? Many of them were experts in physics, numbers, computer science, chemistry, biology, linguistics. Why would they throw them away? That wasn't in the protocole. Either he was taking over the situation or that was really my uncle's command... I thought that, at least, he would give them some sort of chance, a trick, a different puzzle to solve, but they he didn't. They were stuck, unaware of what was ahead to come. It was frightening and nightmarish. They were going to be set on fire on that very room. As the fire consumed the room, they frenetically shook their bodies, screamed, dropped, rolled, catching fire as their skin turned to flesh and their blood melted on the floor. My eyes witnessed the struggle for survival. I couldn't do anything except for letting them burn. Many of them familiar faces. Candidates who showed up on TV. Many of them I rooted for a place there.. and now they were dying as the seconds passed, the fire burned their guts from inside out. </div>
<div style="text-align: justify;">
I left the control room unseen and moved to the strategy room, where several meetings used to happen. I looked for Leah, my best friend... the only one I could talk to about it. The one that at least I knew it wouldn't be necessary sharing words. Just one glance would be good enough. The door opened and she was by the table holding firmly a cup of coffee. Possibly afflicted by my conspiracy theories.. She noticed I was there as I got to her side. I nodded and it was done, she believed me. They had killed them and she knew it. They had given them hope and took it away as though they were leftovers. I knew it would end up on something like that. They were unjust on the beginning. Bailing on whom would be useless for them wouldn't take so much effort. I just didn't expect I would care so much. I hadn't thought about my feelings over the facts. Appearantly, things are not about feelings this time. Things had changed before Earth was gone. People had changed. Humanity has changed.<br />
<br />
<i> The Last Days On Earth</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjY6n-iNGary4B_e5JGyLPUePG3K_l0q94O-K4hl2AwPg7EuifK-4Rj-gjMD7F0psDvPlOzJwFFEv6grOpuRDRiN_HcAHuI5zb7YmjO0wGawJXQUHvm9bTTpeHseMYgfSXEp5nJqH9wPeIz/s1600/burning-flames-yellow-fire.jpeg-w=300&h=187.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjY6n-iNGary4B_e5JGyLPUePG3K_l0q94O-K4hl2AwPg7EuifK-4Rj-gjMD7F0psDvPlOzJwFFEv6grOpuRDRiN_HcAHuI5zb7YmjO0wGawJXQUHvm9bTTpeHseMYgfSXEp5nJqH9wPeIz/s1600/burning-flames-yellow-fire.jpeg-w=300&h=187.JPG" height="250" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Alisson Preto Souzahttp://www.blogger.com/profile/01632247796489812373noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3496685058850920624.post-45377729131752496952013-12-17T14:08:00.002-08:002013-12-17T14:13:43.433-08:00Conto sobre o menino de Turningham #3<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 13.5pt;"> </span><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: 13.5pt;"> Seus olhos esbugalhados, sofredores de dores profundas. Pensei por um
segundo que minha carne iria ser desviscerado pela criatura, pois estranhamente
ela parecia me ver, troteando insanamente. Finalmente, quando havia pensado que
este seria o meu famigerado fim, ele atravessou-me, choramingando, e logo atras
dele uma machada o perseguia, acertando-lhe o encéfalo. Ele estava fugindo,
mais deles fugiam... a floresta recuava as sombras que oprimiam seus restos. Um
sentimento de total falta de esperança bateu-me. Ogros batucavam tambores
carregando os esqueletos de minha família, cercando-me pouco a pouco, sem eu
poder perceber como tudo acontecia. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 13.5pt; line-height: 115%;"> </span><span style="font-size: 13.5pt; line-height: 115%;">Nesse momento, ela apareceu.
Descendo de uma neblina negra do topo das árvores sobre um cavalo branco com
asas... ofereceu sua mão. Era Liah. Movimentou delicadamente seu cetro,
enquanto girava em torno de si mesma. Até que fez-se um feixe de luz. Durante
50 e poucos anos vivi ao lado dela como um aliado: caçando, lutando e tomando
decisões... Instituiu-me como filho, após ter salvo minha vida, e para assim
manter a minha inocência e verdadeira natureza. Devotei lealdade seguindo
suas condutas e valores e por assim dizer, tornou-se minha mãe, até o dia de
sua morte. Sua morte causara a sombra das flores e os </span><span style="font-size: 13.5pt; line-height: 115%;">dia em que os rios não corriam; minutos que não passavam; as folhas dos Sobreiros não mexiam-se mais. Quando o pôr-do-sol chegava, a imagem de minha mãe sob a lápide sorria, mas só até o crepúsculo. Ansiava pela sua volta em Turninghan. Assim como a Fênix ressurge, minha mãe, do lago ao lado dos Sobreiros dourados, renasceria.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWPL3lqgwUlk5huPD9CPJj2Y-gZI7VSc5v3Irlew9sA89rHxXWoWiyzo99VTA-k5kOI-jZowa3O6rC4AzzZWiwLNHT9j_M94Zw6Vp7TkM8GQ7aGx4PZ7rwDa6x4bShT5nEzOwYp-NdnODX/s1600/ninfeias.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWPL3lqgwUlk5huPD9CPJj2Y-gZI7VSc5v3Irlew9sA89rHxXWoWiyzo99VTA-k5kOI-jZowa3O6rC4AzzZWiwLNHT9j_M94Zw6Vp7TkM8GQ7aGx4PZ7rwDa6x4bShT5nEzOwYp-NdnODX/s400/ninfeias.jpg" width="400" /></a></div>
<span style="font-size: 13.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
Alisson Preto Souzahttp://www.blogger.com/profile/01632247796489812373noreply@blogger.com0