Casa

Se os raios secaram-me, desidrataram meu corpo e desertaram meus pensamentos sou conseqüência de onde estou. Vegetando em flora inexistente, cercado de fluviais feitas de poeira e nada.  Minhas cordas vocais estão secas, minha pele inexoravelmente destonada, vezes de carne, vezes madeira, minha cabeça, meu abrigo e meu coração a porta do quintal dos fundos, seco, esgotado do vazio. Enfadonha é minha irritação, mas estático repouso aparentemente solene. Sua vida não corre em mim, portanto, a minha reside em estâncias que se perdem do horizonte de ninguém. Não há marcas, não há tempo. É um presente, intenso apocalíptico, começo, meio e fim. Compilados em uma só unidade. Unidade singular, sobre nuvens, companheiras elas, negras e desconfiadas, ao disparar seus relâmpagos sem fazer chover, sem fazer água. Como que se por ser unidade, devesse estar cumprindo pena. É pena que sente. Pois condena: as portas, as paredes e as janelas.  


Comentários

Mitcheia disse…
Nossa! Lindo Alisson, como tudo que escreves.. Já te disse né, mas repito, teus escritos, hehe, me doem. Mas é uma dor interessante, heheh. Não pára nunca! Hahahah
Anônimo disse…
Muito bom , gostei mesmo me fez pensar um pouco mais antes de tomar certas atitides. Continues assim que com certeza chegaras onde quizer.

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