Alterego

Hoje eu sonhei que fui mais longe. Estava na parada de ônibus quando te encontrei. Conversavamos sobre nossas vidas e nossa instabilidade emocional momentânea.
Primeiro te disse que esperava a qualquer momento deixar a cidade. Não iria parar até alcançar minhas metas. E depois te falei que não tinha ninguem. Tentei te explicar através de milhares de adjetivos de descrição, detalhadamente, o que resultava daquele estado de espirito abditivo em mim; como eu estava angustiado pela carência lúgubre de afeto que me remove do eu; que me comove em ritmo cadenciado; que me desmancha até alcançar a vulnerabilidade física e mental de minha essência. Te contei que eu era cedível à abstração e que meu erro era torná-la real a ponto de automortificar minha alma acéptica. Além do mais, te expliquei que fujo do desalento procurando-o ao desaguar meus prantos em mim mesmo. Só que estava tão submerso em mim, que não pude ao menos ouvir seu silêncio. Me acordei desajeitado, nostálgico e com medo de tua resposta.

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