Maresia de Outubro

A maré alta terminou. E antes que a onda me derrubasse,
pisei em terra firme, areia de praia.
Só que ainda não estava a salvo,
pois a maresia trazia o sal da água de volta as minhas narinas
que ardiam sem parar,
como se ainda estivesse me afogando dentro da água,
submerso no mar; deixando minha vida; debatendo-me como um peixe fora da água
e perdendo a consciencia e os sentidos um a um;
sufocado pelo solvente que fornece a vida ao homem,
quase numa tentativa sádica de homicídio.
Batia meus braços e pés
tentando atingir à superfície sem sucesso,
sendo dragado pela escuridão e dor silenciosa
de um mundo outrora desconhecido,
onde eu representava apenas um minusculo ser
que estava imerso à giganteza depressão do oceano de lágrimas.
Achei que a tormenta passaria
ou que algum barco poderia aparecer para salvar-me
de minha própria natureza,
mas me restavam apenas alguns segundos de vida até sentir meus olhos fecharem por completo.
O que por ventura estava me matando era o que tinha me mantido vivo até ali.
O que ainda não me matou é o que continua me matando.
A maré alta terminou. E antes que a onda me derrubasse,
pisei em terra firme novamente.

Comentários

escritos disse…
miraaa
escribes muy bien, ¡te felicito!
sabes que hoy el día está gris y me paració perfecto este texto.
¡besitos!

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