Decodificar

        Pensei sobre isso esses tempos. Isso, aquilo, aquilo outro, mas finalmente cheguei a lugar nenhum. Sou um zero a esquerda mesmo, nada que eu faço, faço tão direito. Mas isso faz parte de mim, já me acostumei com o B, C e até mesmo um E de vez em quando. Procurei achar algo em mim que eu possa dizer "isso mesmo, é isso", mas não encontro respostas absolutas. Minha cabeça se ocupa com tantas coisas idiotas, às vezes me sinto meio impotente por não conseguir ter controle sobre meu foco, minha precisão. 
       Ontem conversei um pouco sobre essência e sobre o que é verdadeiro e real, descobri que as coisas podem ser mais confusas e relativisadas do que eu imaginava. Descobri que não existe essência e isso me fragmentou. Passei meses procurando entender isso on my own. Já tinha pensado sobre essa possibilidade, sobre como construimos nossa própria ficção e imagem, só não havia cavado tão fundo esse buraco. É um tormento muito significativo quando se tenta entender o porquê das coisas que simplesmente não tem explicação e são produtos de nossa imensa capacidade de abstração e imaginação. Se a humanidade sente-se perdida e sem um chão quando se fala sobre identidade e cultura, imagina como eu fico no meio dessa caos. 
        Dizem que aqueles que simplesmente ignoram a existência são felizes, quer saber, acredito nisso. Gostaria de saber o significado de tudo isso, é mentira. Mentimos pra nós mesmos, todo o tempo, todo o segundo, todo instante, agora. Reluto contra isso, mas é parte de mim, aceito as meias verdades, convivo com a mentira e minto, como todos, sobre a mentira, que nos torna real. Já nem sei se é isso que somos: um monte de composições orgânicas, capacidade de associações entre pensamento e linguagem e a mentira, no mesmo kitnet.
        Por isso tenho a alma de um cachorro e adoro a minha alma. Sou feliz, triste, bucolico, meloso e até mesmo babão, e isso é o que mais eu sou, babão: to sempre babando. Cheio de alegrias instantâneas que não são significativas, considerando que todos vamos para o mesmo saco no final de nossas vidas humanas. Uma forma de preencher o tempo com a monotonia e fingir que tudo está bem até nosso período terminal. Estou precisando exercitar essa forma aí.

Comentários

Maíra disse…
como pode ser tão parecido comigo?

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