Condo

Da janela do apartamento via sempre ambos chegando.
Pra mim, eram as pessoas mais legais do condominio.
Quando se reunião traziam a companhia agradável dos sorrisos
e da verdade inegável do fluxo da vida,
quando falavam sobre a próxima eleição do ano, as contas à pagar,
as profissões padronizadas,a vida e a morte,
sobre como é enxergar a vida por mais de dois olhos.
Sentia no olhar e no carinho,
a paixão e o respeito que hospedavam um pelo outro.
Viviam se salvando das quedas, juntos. Viviam vivendo.
Todos morrem. Inclusive eu. Agora, eu vivia e respirava, é lógico.
A não ser se eu fosse o bloco da frente,
o banco em que conversavam, o binoculos de alguem da vizinhança.
A verdade é que parte de minha estava ainda viva, pelo menos até ali.
Depois de assistir minha mãe jurar que nunca mais amaria outro homem
E meu pai falar que doia demais ficar tão perto de nós,
e ainda assim tão longe. Então ele partiu.
Quando eu passava algum tempo em frente ao condominio,
do lado de minha irmã, que só conseguia dar olhos
para assuntos relacionados a bijuteria
e ao namorado que vivia terminando
para se divertir enquanto ela se encerrava com depressão
e de repente descobria que tinha um irmão,
para passar o tempo e fazer esquecer os problemas dela.
sempre fui aquele que escutou e observou antes de fazer qualquer coisa...
nunca mais consegui amar. mas não é culpa minha, E eu juro!
Eu quero dizer, ver ambos chegando, estava começando a acender algo
dentro do meu orgão involuntário, incontrolável
e o tambem mais vulnerável de todos.
Quem sabe amanhã eles não terminam?
Quem sabe amanhã não discutem? Um homicídio?
Sabe como é, muita felicidade sempre
e só pode trazer os piores sentimentos mais tarde.
é como subir no monte everest
e saltar em seu pico: quanto maior a altura, maior o estrago.
duvido, não pode ser de outra maneira: eu odeio muito isso.
eu simplesmente iria preferir que não existissem... sabe?
para não amar mesmo.Não quero cair.
Mas quero me sentir melhor do que isso, um pouco mais...
completo. como ambos se sentem.
como meus pais um dia sentiam...
Tive uma ideia, eu poderia matar o amor.
Da janela de meu quarto, no 7o andar mesmo.
Só assim posso prosseguir, sem pensar em bobagens
e sem ter que continuar tendo que conversar com um "amigo" terapeuta..
Eu não tenho amigos.Eu não preciso e não quero: eu não vou amar ninguem.
Sei la como vai terminar agora. Não faz sentido, não faço nada.

1 ano depois.

meu amor, poderia morrer por ti hoje, mas amanhã?
só existe amanhã em maços de papel,
linhas de blog, folhas antigas de livros...
não quero um campo de batalha...

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