Entendimento

Ele estava cego e não podia enxergar. Tentou tatear as paredes em busca de equilibrio, todavia sentia-se tonto, torto naquele chão frio. De fato parecia estar afogando suas narinas com a porção de umidade daquele cubículo, e o ar que respirava, infelizmente, vinha em pequenas quantidades. Sentiu um calafrio em seu pescoço enquanto seu rosto pingava suor. Uma nausea demorada não deixava-o pensar direito. Mas resgatando sua vontade mais oculta, persistiu na tentativa de clarear seus pensamentos. E começou a lutar.  (...) Era uma vez tudo tão concreto. Só que agora, estava imerso em uma rebelião de idéias. Uma guerra. Bombardeios para todos os lados e muita dor. Sangue e lágrimas. Uma revolução com apenas um caminho sem volta. Por algum tempo, foi tomado por um clarão. Sentiu medo pelo confronto, pois o que se defrontava caracterizava-se como algo diferente do que já era conhecido.  Ele percebeu que aquele era o tempo que precisava para poder se concentrar em apenas  um objetivo: achar uma solução para livrar-se da maldita e ferrenha escuridão. Seus olhos percorreram afoitos a dependência, mas estava cego e não enxergava. Devia se acordar. Livrar-se do breu, do julgamento; quebrar aquelas paredes, combater  a sí mesmo. Não enxergava o que precisava ser enxergado. A resposta era clara, a não ser que ele não quisesse vê-la ou aceitá-la. Talvez nunca conseguisse sair dali. Ou conseguisse. A única coisa que sabia é que precisava saber. Ele teria que mudar. Mudar, para enxergar.

Comentários

Maíra disse…
adorei teus devaneios

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