Porcos-Maus


     Certa vez em um verão, havia uma loba que teve três lobinhos. Ela estava velha e não tinha como sustentar a ninhada, então mandou que partissem em busca da sorte. E antes disso os alertou:
     “Meus filhotinhos temo que talvez possam não sobreviver, mas se ficarem não terão chance... E tudo porque os porquinhos são os bonzinhos... E infelizmente a nossa situação alimentar pede que comamos carne... mas vão..."
    O primeiro lobinho andou, andou até que encontrou uma casinha de palha, então bateu na porta...  Ninguém atendeu.
    O lobinho perambulou a casinha toda tarde e nada. Estava cansado e faminto.
   “Porquinho, porquinho, deixe-me entrar.”
    “Não, não, pelos fios de minha barba, aqui você não vai entrar.”
    “Então vou soprar, e vou bufar, e vou sua casa adentrar.”
     Com as ultimas forças inspirou o ar e soprou.
     A casinha caiu ao chão e sem forças não conseguiu pegar o porquinho que estava descansado e bem alimentado, apenas o viu correr à orla da floresta, enquanto via a noite começar, estirado a frente da casinha, sentiu suas pálpebras fecharem.
    O dia clareou, o segundo lobinho andou, andou até que encontrou uma casinha de tojo, então já muito cansado na porta bateu...  ninguém atendeu.
    O lobinho perambulou a casinha toda tarde e nada. Estava cansado e faminto.
   “Porquinho, porquinho, deixe-me entrar.”
    “Não, não, pelos fios de minha barba, aqui você não vai entrar.”
    “Então vou soprar, e vou bufar, e vou sua casa adentrar.”
     Inspirou ar para seus pulmões e soprou.
     Mas o lobinho guardou suas últimas forças para pegar o porquinho.
     A casinha caiu ao chão e quando conseguiu pegar o porquinho que estava descansado e bem alimentado, apenas ouviu um ronco vindo a sua direita, então sentiu uma panelada na ponta de seu focinho, e alguma coisa corpulenta e fedorenta subir as suas costas, roncando sem parar, sentiu suas pálpebras fecharem.
    “Pega ele... Geraldinho! Assim não vale seu porco sujo!”
      O dia seguinte clareou mais tardio, e as folhas das árvores se encontravam caídas ao chão, às laranjeiras geravam laranjas e os limoeiros, limões. Era outono. O terceiro lobinho andou, andou, e andou, até que encontrou uma casinha de tijolos, então já muito, muito determinado, na porta bateu...  Ninguém atendeu.
    O lobinho perambulou a casinha toda tarde e nada. Estava começando a ficar com fome, mas sabia que não podia sentir-se assim.
   “Porquinho, porquinho, deixe-me entrar.”
    “Não, não, pelos fios de minha barba, aqui você não vai entrar.”
    “Então vou soprar, e vou bufar, e vou sua casa adentrar. Mentiroso.”
     O porquinho se assustou.
    “Ahm?”
     Com as últimas forças inspirou o ar e lembrou-se do homem fazendeiro sobrevivente da segunda guerra mundial, que havia conhecido na floresta, que o tinha ensinado como um porquinho pensa e então como eram suas casinhas.
    Jogou então uma “granadinha” pra dentro da “casinha” pela “chaminézinha”.
    KABOON!
     A “casinha” caiu ao chão então fora até o corpo dos porquinhos, chutou o primeiro para um lado, o segundo pra cima do pianinho esfacelado, e o outro pros destroços da chaminé, atravessou a sala, e se aproximou do caldeirão... Tirou o corpo de seu irmãozinho lobo e saiu da casinha com sua cabeça erguida, comendo as laranjas jogadas a beira dos arvoredos que adentrava e jurando que nunca mais iria comer porcos.
    Então, ele pensou.
    “Se estão queimados, são presuntos.”
   Voltou para comê-los e satisfazer seu ego sem peso na consciência, até porque, não foi ele que havia os matados e sim a “granadinha”.

Comentários

Postagens mais visitadas