Além do que se vê
Quando te vi, deixei tua voz soar da maneira que quizesse. Soltei o ar, que em meus pulmões transitava, e respondi "tudo bem". Nunca pensei que a mentira ardesse como uma vodca marginal: rasgando da garganta até a boca do estômago. Pedi para que minhas palpebras não se inundassem, que minhas mãos não latejassem, que minha voz não escapasse, mas pareço não ser bom em nada que faço. E ao sentarmos-nos cordialmente em sofas opostos - tão perto, e tão longe - só pensava em abraçar-te a fim de arrancar toda dor e angústia de mim. Tuas desculpas e outras verdades, em mim, abrigaram-se.
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