Todos
Não me impressionava que o mundo viesse acabar em tempos como este. São tempos apocalípticos para o homem. Que signficam o encerramento de um ciclo e a abertura de um novo. Não é difícil entender os vestígios e as marcas desse degenerado fim.
Em dias atuais,
Todos andam sem olhar uns para as outros e fecham-se em círculos sociais,
julgando aqueles que estão fora de alcance.
julgando aqueles que estão fora de alcance.
Todos andam em um mundo tomado de medo, com as defesas erguidas
objetivando esquivar-se de qualquer projétil, de qualquer ataque.
Munidos de argumentos, armas e escudos.
Todos andam no escuro, segmentados,
sem confrontar-se com os Outros deste mundo em que vivem.
sem confrontar-se com os Outros deste mundo em que vivem.
Uma vez que deparam-se com semelhantes,
Todos desentem-se pela fragmentação de suas identidades; -
pela confusão de seus "eu";
pelo desentendimento de sí.
E aí, sabe como é que é:
uma palavra crua leva à outra;
uma ofensa leva à outra;
uma briga leva à outra;
uma guerra leva à outra;
E, prontamente, o chão está lavado de sangue e angústia.
Existiu em tempos antigos uma conduta como essa, mas essa conduta sofreu metamorfose temporal modificando sua forma (não sua essência), ela se tornou a classe, a etnia e o gênero.
Prendeu-se a respiração.
Escutou-se os bombardeios e a dor.
Escutou-se os bombardeios e a dor.
Sentiu-se a raiva e a lamina da espada.
Pensou-se a existência.
E o que ficou, além do pó, foram os restos.
Me aproximei da janela no intento de ver através da persiana se o medo estava lá fora, mas havia apenas o frio. Minha aflição aumentou quando percebi que poderia estar sozinho... abri as janelas e esperei... foram quinze minutos sem resposta.
-
-
Nem cachorro, nem vizinho, nem carros passando.
Nem índios, nem pardos, nem negros, nem brancos.
Não havia categorias. Não havia pessoas.
-
-
Ao entardecer, o sol já esfriava.
O sereno baixava e o mar agitava-se - sob influência da lua.
E agora, podia-se escutar o choro e a lamuria daqueles que restavam sob o campo de oliveiras.
E o meu medo pendurou-me pelo pescoço na ponta da mesa
E o meu medo pendurou-me pelo pescoço na ponta da mesa
enquanto via meu último pôr-do-sol.
Morreram Todos,
por dentro.
Morreram Todos,
por dentro.
Comentários