História Inacabada (part2)

       Meus olhos arderam mais do que tudo. E ao piscá-los mirei através dos espelhos da cafeteria duas charretes e um Fusca azul estacionado no outro lado da calçada. 
          Ana de repente entrou no estabelecimento eufórica, escoltada por dois militares. "Não dá pra sair do meu pé um minutinho, não?" ela xingou os dois que pararam na porta parecendo obedece-la. Ela veio até minha mesa e sentou-se, olhou para os dois lados suspiciosa e olhou meus olhos com profundidade. "Aonde foi que tu  te metestes João? Te esperei por muito tempo." Houve um silêncio e ela retirou as luvas.
          "Meu pai está extremamente insano. Ele quer me deportar pra França." ela retirou um entulho de papeis e jogou sobre a mesa. "Encontrei isso no escritório do crápula." Eram papeis oficiais do Coronel Everaldo assinados pela embaixada francesa. "Eu conheci alguem infiltrado no conselho do Jornal que faz parte de nosso movimento. Quero que você conheça ele, temos muito em comum. E ele tambem tem partes importantes de nosso quebra-cabeça." Mas e se o seu pai descobrir? - Eu pensei.- E se tudo desse errado? E se não conseguissemos chegar ao cofre? E se eles suspeitassem da verdadeira valia da operação?
          Um carro invadiu o local e atropelou os militares. Homens de máscaras colocaram os braços pra fora e começaram a atirar a queima roupa em nossa direção. Foi quando ele apareceu. O nome dele era Caio, conhecia ele de vista, um homem dificil de passar despercebido, ombros largos, barba grossa e pele rude.  Difícil também, não compará-lo com James Bond, quando agarrou meu braço e nos tirou daquele caos. Ana usava um vestido de gala prata e seu cabelo lindo estava preso como uma pirâmide, sua pele era tão branca e pura que que era quase divina. Já Caio era mulato e elegante. Ele estava a rigor, de terno e gravata borboleta. Ao sair da mesa, entramos em uma porta nos fundos do bar e nos escondemos em um armazem antigo. Eu estava tão exasperado pra ficar longe daqueles tiros e do caos que ali havia se formado, que tentei me levantar e sair pelo portao da garagem. Mas ele me segurou novamente. "É perigoso  e óbvio demais."            
     Ana cuidava atrás das caixas com o impeto de detectar qualquer ação furtiva dos inimigos, mas estavamos salvos. Escutei o estouro de alguns tiros até o barulho cessar. Um homem de avental branco coberto com sangue surgiu em nossas costas com uma espingarda. 
         "Venham, tem um refugio seguro por baixo do bar." Aquilo soou muito estranho, como se fosse uma armadilha, no entanto não tivemos muitas escolhas estagnados contra a carabina da arma do desconhecido.

         

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