Rafael del Siro: a Áura do Eu 1

           Aconteceu em meados de 2015, na Universidade Nacional de Costa Rica. Aquele dia, na sala, a pouca iluminação estava suspensa sob nossas cabeças. Éramos dois, ou talvez fôssemos mais. Meus olhos comprimidos como remédios, instantâneamente inofensivos, fitavam sua silhueta. Não era simplesmente a diagnose perfeita, ainda que tudo estivesse posicionado de forma estonteadora. Em adjetivos desmedidos poderia prever a nota - que aqui elaboro - contudo não foi a superfície que motivou o devaneio incrédulo o qual mergulhei profundamente. A despeito das minuciosas contradições mundanas que aquele corpo projetava, a razão da colheita seletiva de palavras fora, indubitavelmente, outra. Pude enxergar mediante meus olhos, algo inaceitável e não-cético. Meus aparelhos sensoriais detectaram ao entorno de suas costas uma luz branca  brilhava indisplicente, planando pelo seu braço como se estivesse contornando suas laterais até percorrer os ombros e encontrar sua cabeça. A sinergia do movimento daquela luz flamejante, flutuava em equilíbrio com as expressões do rosto dela: as duas pareciam estar executando através de um mutualismo cauteloso, cada  articulação física e intelectual, de forma que pareciam ser essenciais uma a outra. O nervosismo invadiu minhas mãos, e o tick com a ponta  caneta era inevitável. "Algum problema Rafael?" ela interrompeu a aula. Permaneci mudo e inerte pelos 43 minutos que sobravam da aula. Primeiro, porque dependia dela para poder encerrar minha tese. Segundo, porque estava em choque pela razão de presenciar o absurdo. A verdade sobre o que aconteceu não parece ser convincente. Querendo, ou não, eu consigo ver coisas em algumas pessoas que qualquer um não consegue. A questão é que pensar sobre isso trouxe-me até os livros. Não obstante, situo-me em muitas prateleiras e sítios de conteúdos paranormais - o que não é crível como categoria humana.  

 (part 1)

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