Cachorros Mecânicos

     Hoje, dia 11-04, acordei chorando às 8:35. Tive um sonho intenso mediado por realidade e um traço de ficção.  Logo que acordei, tive a necessidade de abrir o Blog e escrever este sonho para, logo em seguida, analisá-lo.

               Cachorros Mecânicos

               Estávamos eu e minha mãe; fomos ao canil porque tinha insistido a ela que queria três cachorros; então catamos eles, que pareciam já esperar por nós, entre os outros, fora do holofote de nossos olhos. Um era mirradinho, o outro era gordinho, e o outro era mais velhinho e um pouquinho maior; todos tinham pêlo de cor alaranjada e olhos redondos e castanhos claros. 
         Ficamos um tempo (que cronologicamente fora curto, mas psicologicamente fora extenso) com eles, no entanto,por algum motivo, tivemos que devolvê-los, só que o motivo tinha sido alguma coisa que havia mudado, e eu não sabia exatamente o que era.
              O tempo passou, eu e minha mãe estávamos sentados em um banco da avenida, da esquina  do bar do chico, quando lembrei-me dos cachorrinhos. Neste momento, supliquei a ela que queria-os de volta, foi quando comecei a chorar. Ela me perguntou "Pra que queres eles de volta?Não tem como". Alguma coisa em mim dizia que certamente eles seriam sacrificados caso permanecessem lá careless. A imagem do fuçinho deles ecoava em minha cabeça. Choraminguei mais um pouco,e já estava soluçando quando ela me disse "tá bom, a gente vai lá". 
        Assim que surgimos no estabelecimento, a mesma mulher que havia nos atendido reapareceu. Perguntamos sobre os cachorros, ela disse que ainda estavam com a casa. Pedimos, então,  para vê-los. A mulher sumiu por alguns segundos, e teletransportou-se pra nossa frente num átimo com o cachorro gordinho nas mãos. Embora o gordinho estivesse um pouco maior, havia outra coisa diferente nele. Ao mesmo tempo que lembrava-se de mim, parecia não demonstrar muitas emoções. Quando levantei ele no colo senti seu corpo duro e pesado como chumbo, pude perceber um buraco na barriga dele, um espaço quadrado escuro como abismo. Questionei a dona do canil "quando é que ele vai sair de dentro desse robo?" e eu coloquei ele no chão. Ele parecia uma nave alienígena prestes a entregar o abduzido. Agaixei-me e olhei por baixo das pernas dele, esperando o verdadeiro gordinho sair. E a mulher replicou "Eles tiveram que fazer cirurgias, mas ainda são eles.". Olhei de volta a face do animal e não o reconheci. Meu choro foi inevitável, permaneci parado, ali, por mais um largo periodo, pensando que havia perdido meus cachorros; eles tinham sido transformados em robôs, e era minha culpa. Chorei sem parar ao passo que imaginava a dor que deveriam ter vivido neste processo de desumanização, até que acordei.


         A finalidade dessa atividade é tentar expressar alguma coisa que fora repreendida pelo meu inconsciente na representação desse sonho. Talvez houvesse um diálogo (ou melhor, uma discussão) entre meu id e o ego, ou seja, alguma pulsação de morte (o exército de pensamentos liderado pelo sargento ID), que atuaria no sentido contrário ao das pulsões de agregação e preservação da vida (exército de pensamentos liderado pelo sargento EGO). A medida que o realismo dado aos eventos tornam-o muito mais intimo para mim, uma vez que minha fraqueza é minha natureza humana e emocional, a consequencia é uma fragilidade desmedida e o choro desequilibrado.





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