Cairam as respostas assim como eu

         Foi por mim que atravessei a noite passada, por mais ninguem. Sem segredos, parti em queda livre, caindo no escuro cada vez mais. Aonde está o problema na dor? Onde estava a dor? Me perguntei. Mas a resposta foi o eco da batida despreocupada de meu coração. Minha agonia pairava no quando, no suspense de não saber, no divertimento do adivinhar, na tensão da ausência, na interrogação que é o amanhã, na expectativa de cair para ser segurado nos braços e levado para casa. No entanto, havia um estranho ao meu lado, e por um segundo, me senti perdido, dentro do quarto, em meus pensamentos. Culpa da minha fraqueza, carência, falta de valores, e talvez, hiperatividade. As palavras se perderam em um mar de delírios e caíram sobre mim, carregando-me a favor da gravidade.  Meu corpo já estava cansado e minha mente ricocheteando os mesmos pensamentos. Então, conclui subitamente que não havia nada que eu pensasse que fosse mudar qualquer coisa, pois não havia nada para ser mudado. Meus olhos já encontravam minha alma, desligando-se de mim, envergonhada, encolhida no encosto da cama naquela noite. Enquanto, hoje, naquela noite, agora, eu caio sem atingir lugar nenhum aderindo a uma constante de eventos desagradáveis e tristes, feito uma reta sem curvas, um rosto sem riso ou um mar sem ondas. Sigo o que quer que esteja pela frente. Caindo, atravessando as noites, os dias e a vida a cada instante.

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