Relâmpagos e epifania

      A ansiedade cruzou a porta dos teus olhos, que, vivos, exalaram os pilares mal postos de uma casa sem teto. Momentos antes, quando percebi sua descobertura, através de um relâmpago que iluminou todos os móveis da casa, - embevecidos de dúvida e sombras - jazeu de minha mente uma fogueira e a imagem de um metal precioso derretendo-se. Girei dentro de mim até a náusea subir pelo estômago; senti pena e senti um leve calafrio;  já sentia a bile no fim da garganta e decifrei-a. Era outra pessoa em mim, uma outra senão eu. Uma simples epifania havia mudado todo meu cosmos. Senti teu medo em cada suspiro, expresso entre os intervalos dos teus beijos inúteis. A lanterna da curiosidade projeta o tremulo observar e a sombra das dúvidas. Tua boca não cessava com palavras repetidas, mutilando minha vontade, meu desejo por seu amor. Meu tempoque era meu transformou-se em meu novo e maior objetivo de conquista. Não havia mais o combustivel para nossos automoveis, nossa química estava acabada. Não ouvia sinos, não via anjos. Acabara o conto de fadas, o chão estava amargo e rígido. Haviam coisas mais importantes pendentes. As coisas mudam num piscar de olhos, só precisamos de relâmpagos.


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