Perda literária

       Perdi. É  a unica coisa que posso escrever agora. Perdi a vontade, embora tente encontrá-la. A vontade de me fazer entender. E mesmo se eu quisesse tentar expressar sob outra produção - fosse lírica ou prosaica - seria inútil  As palavras, nesse momento, parecem ter perdido o efeito. Eu pareço ter parado de achar gosto nas coisas. Como se elas não fossem feitas para serem gostadas. O pragmatismo subjetivo caiu pelo buraco do coelho, e nem mesmo minha curiosidade é capaz de encontrá-lo. E devo admitir que isso é um tanto entristecedor. Isso esmaga o peito da gente, como quando alguém que amamos nos ofende de forma injusta. Seguir de volta o caminho de minha casa parece tão complicado quanto o caminho de volta de João e Maria. Não há migalhas de pão e eu continuo amaldiçoado. Como se eu não conseguisse contemplar mais a lógica em nenhum de meus devaneios. Tento falar de medo, de falta de esperança, de solidão, mas já escrevi mais de duzentos textos a respeito disso. Minha alma está leprosa e insatisfeita. O existencialismo analítico e a carga emocional que era suficiente em meus textos, já não parece ser mais. Meu espirito está faminto por algo que ainda não encontrei e por isso, chora pensando confusamente em toda inapropriação que está sofrendo; por todo silencio que está passando. Quando meu exílio irá acabar? Quando as palavras voltarão  a falar? Não há respostas. Então, até lá, só posso com minha própria tortura dialogar - se ela  resolver ficar. Pelo agora, sei que ainda não a perdi.



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