Só porque às vezes não sou eu quem está em mim

        Era tardinha, eu abri a porta para uma coisa que não conhecia, convidei-a para entrar, perguntei se não queria uma bebida e acabei desse jeito, sem jeito. Eu tenho que falar hoje, mais do que nunca, sobre o absurdo do querer, que de tão absurdo transformou-se no que considero patético e irremediável. Foi só lavar a cara e respirar para perceber  que toda essa instável sinfonia estava alterando meus pensamentos, queimando meus axônios, impedindo sinapses de raciocinio, afetando quem eu realmente sou e como eu penso. A conta 22 x 365 calcula a minha estadia dentro desse corpo. Resultando em um total aproximado de 8.030 dias de vida,  teleguiados por meus sentidos humanos, erradicados, impulsivos, frageis e sentimentais. Embora essa coisa do absurdo não tenha me ferido biologicamente, hipoteticamente  atravessado minha pele, rasgado meus orgãos, destruido meus sistemas,  corroendo meu organismo, como um vírus - pelo menos desde que convidei-a para entrar - ela atingiu em cheio minha fragilidade mais subjetiva, o que eu considero por essência, pureza e sinceridade. Aos poucos, em um jogo de palavras, ela tomou  conta de um jeito que nem consigo descrever, controlou minhas emoções e se voltou impiedosa contra mim. Com base em meu absurdo querer, um duelo de titãs se ergueu dentro de mim, em algum lugar entre minhas convicções e sentimentos  que se define tristemente em: querer estar com voce versus  continuar sendo eu mesmo. Por isso atingiu minha essência, meu Eu. Me sinto perdido, e sei que não é em você que posso achar o caminho de volta para mim, por isso, preciso fazer força, arrastar-me até a porta, abri-la com todo meu querer, e joga-lo pra fora, sem ademais, sem delongas. Desculpa, mas não aqui, não essa madrugada, não em meus 8.030 dias. É inevitavel que doa, porque colacá-la pra fora, é causar uma nova cicatriz, estar sem jeito, é estar sem alguem para conversar hoje à noite.

Comentários

Anônimo disse…
Fucking foda!

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