Acreditar

        Uma estrada chegou ao fim. Mais um ciclo se encerrou. Como uma série que chega em seu último episódio já prenunciado; como aquele personagem que temos afeição, que some sem deixar vestígios e nem motivos de sua partida. Um caminho de idas e vindas, subidas e descidas em que muitos despencaram, estagnaram-se e ficaram pra trás, em lugares hoje inexistentes, que já não fazem parte de nossas vidas. 
        Conforme chegamos a esse ponto limite do caminho, percebemos como magia que existe um segmento, uma ramificação de diversos outros pequenos caminhos brotando ao passo que os olhos interessam-se pelos mesmos nunca enxergados. Nesses caminhos, todos personagens da história de cada um de nós aplaudem-nos ao passarmos, e os segundos passam mais rápido, os dias voam, e os anos deslizam sobre nossa pele. Marcando nossa idade. Os sorrisos invadem nossos corações a cada novo caminho e até a triste certeza de que a morte é injusta, vai embora. E então, voamos para a nuvem mais alta. Banhamos-nos da chuva e descemos pelo arco-iris como escorregador de criança. Esquecemos de amarrar os sapatos, as datas de aniversário, desaprendemos a comer; esquecemos do ontem, do futuro e vivemos, finalmente, o presente. E mesmo quando pensamos ter encontrado o fim, uma luz sempre condena a entrada de um novo cosmos de ideias.
        Por isso, a conclusão é inexistente, ilógica e indisciplinada, já que as ideias são como um vírus que muta-se incontrolavelmente, tomando várias formas, sem uma definição final para remediar os fatos. Bem, já estamos crescidos demais pra dizermos que já entendemos de tudo, porque o "tudo" ainda não pode ser contabilizado, nem mesmo racionalizado. E a verdade mais inata de nossos corações, reside em que não importa quantas forem as portas e os caminhos, a mudança que for... ao passar dos anos, o que fica é sempre o que é mais essencial: o amor no que acreditamos ser o certo, respeitoso e ético. E essa é a lição dos caminhos: acreditar sempre no melhor.

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