Um ar incondicional

   








 



     Não sou muito bom ao falar. Expressar-se me lembra sempre que preciso de mais tempo para entender. Encontrar um verbo que vença minhas exigências sentimentais: que defina um olhar; um gesto; uma situação ou um impulso é quase algo inalcançável. Além disso, é fácil deixar-se levar pelos discursos convencionais e três por quatro arrepender-me por ter dito ou pensado em dizer algo. Por isso a prudência do olhar: a possibilidade de pensar as palavras, costurar ideias e mesmo assim duvidar delas sem morder ou atacar. Trazer o inevitável e a impossibilidade como caminhos à aquisição do maior tesouro humano: o filtro cujo substrato resultante é o amor e respeito incondicional pelo Outro.


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