Esboço

             Era carnaval, e você me mostrando o caminho entre os desesperados, apenas isso. Um mentor constante perguntando "é isso?''. Deixei meus amigos no bar das mentiras e caminhei pela noite passando por outros bares de outras musicas, outros grupos, outros gêneros.  No final da rua dobrei ainda tonto e entrei em um banheiro publico. Aqui estávamos nós em um banheiro imundo, enquanto as certezas desmoronavam, e eu me via através de seu olhar incansável, como se me julgasse a toda brida, sem o medo e receio que eu tanto conhecia. As inverdades das ideias imperiais me assombrando, soprando em meu ouvido, uma dor levemente imperceptível aumentando com os tambores perdidos que restavam nas ruas, e você em mim, tentando reparar os estragos da educação tradicional. Fechei-me numa cabine, debrucei em um dos joelhos em  respondi a pergunta que você me dizia: - sou eu. Não sabia se era a resposta certa, e a tontura trazia a bile e as mentiras tocando a garganta, " vomitar as mentiras dói, mas é o primeiro passo para ser você a quem todos amam", eu perguntei se era por não ser eu que doía e você me disse que sim. Perguntei então: - Por quê?. Você me disse sem objeções "porque são todos iguais, e você apenas não está por inteiro." Talvez se vomitasse mais eu estivesse completamente desintoxicado. Lembrei de meus pais nesse processo de purificação, da minha infância e de como minha vó parecia feliz no meu primeiro aniversario. Tudo voltava ao normal em março; voltaria para minha cidade; e já teria atravessado mais essa tormenta.

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