Ciclo da Mudança Comum

         Deixei entrar. As palavras dormiam enquanto o silencio as consumia - a maior catástrofe que um dia houve em um gesto pacífico. A noite transbordava, e não era do sangue minha fraqueza esguia: maior que minha vida, menor que minha rua. Compondo suas mudanças climáticas, definiam as conveniências de um dia de noite; do som longínquo vento pueril, do cinza frio, do quarto quente vazio.  Era uma novidade antiga. Meu pensamento esquiando num gelo primaveril, acompanhando as imagens da minha inconsciente inocência - que falta de prudência. Eram as estações avassaladoras, mas eu te disse nada (pois o nada causaria). Então, me senti secluso, conjurando poesias para sobreviver as ausências atuais ou àquelas agora-conscientes. Me perdi na sua cor, em meus textos tão indolores, insensatos- inferiores. Me lembrei do nascimento, o abrir dos olhos do sentir - que quando sinto, me sinto perdido, pois me acho, acho-me sendo quem eu vejo quem realmente sou. Temo ser eu, uma ideia tão controversa - ou ser simplesmente igual a todo mundo. Se nasço nas noites do breu - pensando - meu berço é feito de estrelas. Afinal, são delas que nossos fragmentos originam-se. E das ideias me nutro para ser a neve; a neve azul, breve, a que derrete, que muda e verte a cada primavera que passa, a cada dialogismo que não cessa.


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