Incomunicabilidade

         Eu gritei não, mas não fui ouvido - havia o ruido incessante da televisão. Senti o pulsar de minhas veias e minha boca salivar umas três vezes a mais do que o normal. Eu disse Amarelo, e ainda havia dedos no vermelho, apontando, convincentes. Apertei minha mão no pano da mesa segurei-o fortemente num acesso de raiva momentâneo. Havia uma telefone entre nós. Gritei sim, eu disse sim, e ouvi algo soar como um "Por quê?", um por quê desnecessário, pois em meu sim a justificativa já vinha acompanhada em anexo semântico: o contexto.  Foi grego, e coloquei minhas mãos na cabeça. Havia uma conexão de internet entre nós. As linhas de minha garganta inchavam como se fossem explodir,  minhas palavras enchiam-se de ironia, me senti fraco e impotente. Gritei claro que não, mas você tornou a opor-se aos desejos meus  aqueles mais inconscientes, impacientes e incoerentes. E eu falei "faça o que quiser" e o mais lógico que tu fizeste era o obvio: viraste as costas e  caminhaste... mesmo quando nunca pedi por sua ida: e me lamentei -desejando sua vinda.

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