À natureza e divagação e ao tempo

        Desculpem meu interesse sobre a Biologia. Mas, realizei a banalidade de ser um Ser e embarquei na maior palhaçada existencial do universo. No útero me alimentei; e alguém me disse que eu poderia ser quem eu quisesse  ou pelo menos ouvi vozes; trouxe esperança para alguns; enquanto alguns desses alguns morreram antes mesmo de eu crescer plenamente; minha cachorra, Sofia; minha casa havia sido boicotada; meus amigos perdidos entre os amigos e os namorados,  viagens, paixões e beijos relâmpagos; o emprego e a barba; seriam as dores?; os remédios?; o surto de desprezo pela vida, e o ponto final estaria por vir. Arrumei a cama pela milionésima vez. Sabia como seria ao saber o que estava por vir. Não precisava ser um zigoto. As mesmas almofadas, dos mesmos apartamentos vazios (que existiam somente em contos noturnos), de homens cansados de pensar;  de textos inexpressivos para público nenhum; choros nunca presenciados, e falas abafadas por gritos que nunca foram ouvidos, e nunca serão, pois, afinal, quem se importa com a razão de viver?  A morte literária seria o penúltimo passo.  - Sabe que hoje me acordei dormindo e feliz por saber o quanto eu precisava para continuar nos cobertores - não muito, é claro! -Essencialmente, uma vida sem essência; desprovida de um sentido maior; de dias esquecidos.  Enquanto isso, de sono me escondi, assim como os milhares outros daqueles continuamente exilados; de almas mofadas: por não entenderem por quê devem apenas morrer; não adianta acorrentar-se a mais mentiras. Seriam as coisas como as coisas são. Uma antropofagia natural na qual o tempo, na verdade, encontra-se no topo da cadeia alimentar, não o homem.  Era como ser um 'vampiro', sem ser vampiro. A maldição diária, o 'countdown' para a eternidade sem dor. O homem não dividirá, ao menos, sua 'contra-letargia' interna. Somente ele saberá como pensa, como sente, como sofre; vivendo na sombra de que suas atitudes o definem. Por que se limitar as explicações e as ações de um outro alguém? Da alma desacorçoada de quem traduz-se por angustias remotas; não existia conflito maior do que saber que o que sempre soube, iria findar-se em realidade.  Nasceu para reproduzir-se e morrer.


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